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Inflação em queda leva Selic à mínima histórica de 7%

Na décima redução consecutiva, Banco Central conseguiu 'quebrar' o piso histórico, que havia sido de 7,25%, no governo Dilma Rousseff

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Por Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues
Atualização:

BRASÍLIA – Com a inflação sob controle e a atividade ainda em marcha lenta, a taxa de juros de referência do Brasil caiu para o menor patamar da história. O Banco Central reduziu na noite desta quarta-feira, 6, a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual, de 7,5% para 7% ao ano. Foi o décimo corte consecutivo. Antes do anúncio desta quarta-feira, a Selic mais baixa, de 7,25%, havia sido registrada ainda no primeiro governo de Dilma Rousseff.

Além do corte desta quarta, o BC já sinalizou a intenção de promover nova redução de juros no próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), em fevereiro do ano que vem. Desta vez, no entanto, a tendência é de baixa de 0,25 ponto porcentual, para 6,75% ao ano - um novo piso histórico.

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"Para a próxima reunião, caso o cenário básico evolua conforme esperado, e em razão do estágio do ciclo de flexibilização (cortes de juros), o comitê vê, neste momento, como adequada uma nova redução moderada na magnitude de flexibilização monetária", disse o BC, em sua linguagem técnica.

Entre os riscos do cenário do BC, o item de principal interesse é a reforma da Previdência. A instituição deixou claro, no comunicado, que pode mudar de ideia quanto a um novo corte da Selic em fevereiro, caso a expectativa em relação às reformas seja frustrada. Em outras palavras, se o governo de Michel Temer não emplacar a reforma da Previdência no Congresso, o BC pode manter a Selic em 7% ao ano nos próximos meses.

Para o economista Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda, é justamente o andamento da reforma da Previdência na Câmara, nas próximas semanas, a questão central para o Copom. Se a matéria não for a votação até o fim do ano, o BC pode desistir de cortar a Selic em mais 0,25 ponto.

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"Isso porque o clima de expectativas piora", disse Maílson. "Mas tudo indica que a primeira votação ocorrerá dentro das próximas semanas, com fechamento de questão pelo PMDB e outros partidos", acrescentou.

Efeito simbólico. Maílson afirma que o patamar atual da Selic é algo a ser comemorado. "Essa Selic tem efeito simbólico importante para indicar uma nova realidade. Estamos caminhando para ter uma taxa estrutural de juros parecida com a dos nossos vizinhos da América Latina, da ordem de 3%, com Selic entre 5% e 6%."

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O BC também indicou nesta quarta-feira que, mesmo se reduzir a Selic para 6,75% ao ano em fevereiro, a tendência é de que a taxa fique neste patamar nos meses seguintes. Isso porque, como a Selic já cedeu de 14,25%, em outubro do ano passado, para 7%, já não há tanto espaço para cortes sem que o controle da inflação seja prejudicado no futuro.

Para o economista da Órama Investimentos, Alexandre Espirito Santo, o Copom está correto ao indicar cautela, já que as incertezas com as eleições de 2018 e as reformas poderão elevar o preço do dólar e, consequentemente, afetar a inflação. "Hoje vejo 80% de chance de a taxa de juro ser cortada em 0,25 ponto porcentual em fevereiro, com taxa terminal de 6,75% ao longo de 2018", disse o economista.

Por enquanto, o cenário para a inflação visto pelo BC é positivo. A instituição projeta que o IPCA - o índice oficial de preços - encerrará 2017 em torno de 2,9%. Se de fato a inflação ficar abaixo de 3,0% este ano, o BC terá, inclusive, descumprido sua meta para o ano, que é de taxa de 4,5% com tolerância de 1,5 ponto porcentual (inflação entre 3,0% e 6,0%). Para 2018 e 2019, o BC também estima inflação controlada, de 4,2% nos dois casos.

Juro real. Apesar do recuo da Selic, o Brasil tem hoje a quarta maior taxa real de juros (descontada a inflação) do mundo. Levantamento do site MoneYou e da Infinity Asset Management mostram que a taxa real brasileira é de 2,88%. É menor que o verificado na Turquia (5,87%), na Rússia (4,18%) e na Argentina (3%), mas maior que o verificado em outros 36 países que possuem alguma relevância no cenário global. / COLABOROU FRANCISCO CARLOS DE ASSIS

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