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Banco Central sobe juro para 12,75%, a maior taxa em seis anos

Selic avançou 0,5 ponto porcentual pela terceira vez seguida; com o aumento, o Brasil passa a ter a maior taxa real de juros do mundo

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Por Célia Froufe (Broadcast)
Atualização:

 

O Banco Central elevou nesta quarta-feira, 4, a taxa básica de juros da economia em 0,50 ponto porcentual, para 12,75% ao ano. Foi a terceira alta seguida de meio ponto, puxando a Selic para o maior patamar desde o início 2009, quando o mundo vivia o auge da crise financeira. Em janeiro de 2009, a Selic foi reduzida para o mesmo patamar de hoje, valor que vigorou até março daquele ano.

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A decisão era amplamente esperada pelo mercado financeiro e foi unânime entre os diretores da autoridade monetária. O aumento também deixa o Brasil com a maior taxa real (descontada a inflação) de juros do mundo. 

O mercado financeiro tem dúvidas se o Banco Central vai conseguir entregar a inflação dentro dos parâmetros estipulados pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A meta é de 4,5%, com margem de tolerância de dois pontos porcentuais para baixo ou para cima. Mas o Relatório Focus, que reúne a opinião de 100 instituições financeiras, aponta que o IPCA deve encerrar o ano em 7,47%. A inflação deste ano já tem todos os ingredientes para se tornar a maior em uma década.

Desde o final do ano passado, o presidente do BC, Alexandre Tombini, vem alertando que não seria surpresa se a inflação continuasse a subir nos primeiros meses deste ano. A avaliação do comandante da autarquia, porém, leva em conta uma desaceleração dos preços ao longo de 2015 e que culminaria na entrega da meta de 4,5% no ano que vem. Recentemente, o mercado até tem diminuído suas estimativas para o IPCA de 2016, mas elas ainda seguem mais de 1 ponto além do centro da meta.

O Ministério da Fazenda promete ajudar o trabalho do Copom ao economizar 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no final deste ano, o que faria com que a política fiscal se desviasse de uma tendência expansionista para neutra, podendo até já dar sinais de contracionismo, nas palavras do BC.

Até que essa garantia seja efetivada, no entanto, a autoridade monetária tem tido de lidar com a pressão dos preços, principalmente dos monitorados e administrados pelo próprio governo. São sucessivos os anúncios de reajustes e aumento de impostos: gasolina, energia elétrica e água apenas para citar alguns que andam pesando no bolso do consumidor.

Por isso, o mercado acredita que, mesmo com a economia cambaleando - a projeção dos analistas é de retração de 0,58% do PIB este ano - não haverá outra opção à diretoria do BC a não ser continuar a toada de aumento dos juros. E cada vez está mais claro que o patamar mais elevado (de 13% ao ano) tende a permanecer até o início do ano que vem.

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Veja o comunicado do Banco Central:

"Avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic em 0,50 p.p., para 12,75% a.a., sem viés.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Alexandre Antonio Tombini (Presidente), Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Luiz Awazu Pereira da Silva, Luiz Edson Feltrim e Sidnei Corrêa Marques."

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