Em mais uma demonstração da fragilidade do mercado financeiro, o Credit Suisse anuncia que provavelmente não terá lucros nos três primeiros meses do ano e revê para baixo seus lucros obtidos em 2007. O anúncio desta quinta-feira, 20, levou as ações do banco - um dos maiores do mundo - a uma queda de até 10%, gerando um clima ainda mais negativo nos mercados. O temor é de que outros bancos também anunciem nos próximos dias perdas milionárias. Para o Credit Suisse, "condições sem precedentes" no mercado financeiro está gerando incertezas para os investidores. Em um anúncio que pegou o mercado de surpresa, o banco admitiu que os lucros que já haviam sido informados há poucas semanas estavam incorretos. A revisão foi feita depois de uma investigação interna sobre algumas das aplicações. Para analistas no mercado, a revisão chega a ser "embaraçosa". O banco, porém, garante que os erros foram resultados de uma "má-conduta de apenas um número pequeno de traders". Mas a realidade é que a revisão foi substancial, passando de uma projeção inicial de US$ 1,3 bilhão para apenas US$ 540 milhões no quarto trimestre de 2007. Já o lucro líquido de todo o ano passou de US$ 8,5 bilhões para US$ 7,8 bilhões. O Credit Suisse garantiu que abriu investigações para saber como o incidente ocorreu e assegurou que medidas foram tomadas contra os traders. "Esses empregados foram demitidos ou suspensos", afirmou uma nota do banco. O Credit Suisse ainda teve de admitir que as medidas de controle existentes não eram suficientes para evitar a "má-conduta" dos empregados, sem explicar qual teria sido o problema. Para Brady Dougan, presidente do banco, o incidente foi "inaceitável". Seu próprio salário será cortado em 40%. No início da semana, Marcel Ospel, presidente do UBS, teve seu salário reduzido em 90%. Segundo Dougan, a queda de receita e a volatilidade dos mercados seria a explicação para os problemas no banco no atual trimestre. "O Credit Suisse continua bem posicionado para o desafio e diante da volatilidade dos mercados que existe desde meados de 2007. Somos um dos bancos melhor capitalizados do mundo", disse.