O Banco do Brasil avalia desistir de vender sua filial nos Estados Unidos, o BB Americas, apurou o Estadão/Broadcast com três fontes, na condição de anonimato. A leitura da nova gestão, sob o comando de André Brandão, é de que o valor que seria obtido com o desinvestimento é baixo frente à importância da unidade, que serve de suporte a clientes brasileiros no exterior.
O contrato com o banco mandatado para vender o BB Americas está, assim, em compasso de espera. O Citi foi escalado para encontrar interessados para o ativo no início do ano passado na segunda tentativa do BB de se desfazer da operação - a primeira foi na gestão de Paulo Caffarelli, hoje na Cielo. Na época, começo do governo Bolsonaro, o então presidente do banco, Rubem Novaes, estava debruçado na pauta de desinflar o BB - a partir de uma lista de desinvestimentos, sob orientação do ministro da Economia, Paulo Guedes.
No entanto, a visão de que a venda do BB Americas não seria tarefa fácil já prevalecia. Dentre as razões, o fato de os bancos brasileiros, potenciais compradores, já terem presença na Flórida era o principal vento contrário. Tanto é que até mesmo integrantes da alta cúpula do BB defendiam que o preço de venda não compensaria o valor do ativo, que garante passaporte livre para atuar em Miami, reduto de investidores latino-americanos.
"O BB Americas é muito pequeno. [A venda] é mais uma matéria de cunho político... porque em termos de impacto econômico é muito pequeno", diz um analista de um banco estrangeiro, que prefere não ser identificado.
Brandão, egresso do HSBC, tem uma visão diferente do antigo presidente do BB, que era favorável à redução do tamanho do banco - ainda que não a qualquer preço. O executivo, que assumiu a presidência da instituição pública em setembro, construiu sua carreira em grupos financeiros internacionais e reconhece a importância de atender os clientes fora do país de origem.
Ao mesmo tempo em que avalia cancelar a venda do BB Americas, a nova gestão estaria, por outro lado, considerando, conforme uma fonte, servir melhor os clientes que têm conta por lá e que incluem embaixadores, ministros e expatriados brasileiros. A ideia, ainda em estudo, é melhorar a plataforma de autoatendimento do banco, investindo em tecnologia.
O BB Americas possui cinco agências e no passado, conforme fontes, somava cerca de US$ 600 milhões em ativos. Teve origem no EuroBank, adquirido pelo Banco do Brasil em 2012. Desde então, a instituição tentou fazer decolar uma área de private banking e também apostou no mercado de crédito imobiliário, surfando na onda de brasileiros ricos que compraram imóveis em Miami em meio à desvalorização das propriedades no pós-crise.
Procurado, o BB não se manifestou.