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Banco do Brasil cogita desistir de vender filial nos Estados Unidos

Entendimento é que valor obtido com a venda é baixo frente à importância da unidade, que atende a clientes brasileiros no exterior e tem alto potencial de lucro

Foto do author Aline Bronzati
Por Aline Bronzati (Broadcast)
Atualização:

O Banco do Brasil avalia desistir de vender sua filial nos Estados Unidos, o BB Americas, apurou o Estadão/Broadcast com três fontes, na condição de anonimato. A leitura da nova gestão, sob o comando de André Brandão, é de que o valor que seria obtido com o desinvestimento é baixo frente à importância da unidade, que serve de suporte a clientes brasileiros no exterior.

O contrato com o banco mandatado para vender o BB Americas está, assim, em compasso de espera. O Citi foi escalado para encontrar interessados para o ativo no início do ano passado na segunda tentativa do BB de se desfazer da operação - a primeira foi na gestão de Paulo Caffarelli, hoje na Cielo. Na época, começo do governo Bolsonaro, o então presidente do banco, Rubem Novaes, estava debruçado na pauta de desinflar o BB - a partir de uma lista de desinvestimentos, sob orientação do ministro da Economia, Paulo Guedes.

Presença de concorrentes brasileiros privados na Flórida já vinha impedindo BB de vender sua filial nos EUA Foto: Adriano Machado/Reuters

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No entanto, a visão de que a venda do BB Americas não seria tarefa fácil já prevalecia. Dentre as razões, o fato de os bancos brasileiros, potenciais compradores, já terem presença na Flórida era o principal vento contrário. Tanto é que até mesmo integrantes da alta cúpula do BB defendiam que o preço de venda não compensaria o valor do ativo, que garante passaporte livre para atuar em Miami, reduto de investidores latino-americanos.

"O BB Americas é muito pequeno. [A venda] é mais uma matéria de cunho político... porque em termos de impacto econômico é muito pequeno", diz um analista de um banco estrangeiro, que prefere não ser identificado.

Brandão, egresso do HSBC, tem uma visão diferente do antigo presidente do BB, que era favorável à redução do tamanho do banco - ainda que não a qualquer preço. O executivo, que assumiu a presidência da instituição pública em setembro, construiu sua carreira em grupos financeiros internacionais e reconhece a importância de atender os clientes fora do país de origem.

Ao mesmo tempo em que avalia cancelar a venda do BB Americas, a nova gestão estaria, por outro lado, considerando, conforme uma fonte, servir melhor os clientes que têm conta por lá e que incluem embaixadores, ministros e expatriados brasileiros. A ideia, ainda em estudo, é melhorar a plataforma de autoatendimento do banco, investindo em tecnologia.

O BB Americas possui cinco agências e no passado, conforme fontes, somava cerca de US$ 600 milhões em ativos. Teve origem no EuroBank, adquirido pelo Banco do Brasil em 2012. Desde então, a instituição tentou fazer decolar uma área de private banking e também apostou no mercado de crédito imobiliário, surfando na onda de brasileiros ricos que compraram imóveis em Miami em meio à desvalorização das propriedades no pós-crise.

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Procurado, o BB não se manifestou.