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Banco do governo de SP libera só 8% da verba para habitação

Por Agencia Estado
Atualização:

O banco Nossa Caixa, controlado pelo governo paulista, liberou menos de 10% da dotação orçamentária para financiamento habitacional de 1998 até o momento. De um total de R$ 490 milhões previstos para construção, reforma e aquisição de imóveis residenciais novos ou usados, no período, o banco fechou contratos de R$ 40 milhões, equivalentes a 8,16% dos recursos. Do orçamento, R$ 300 milhões compõem a dotação original para o Programa Mãos à Obra, instituído em 1998 e que financia a construção, conclusão ou reforma de imóveis residenciais. Desde então, foram desembolsados R$ 25 milhões (8,3% do total). Condições Segundo o gerente de crédito imobiliário, poupança e judicial da Nossa Caixa, Natalino Gazonato, a média de desembolso por contrato é de R$ 30 mil. Isto equivale a 833 contratos. Para construção, o banco financia até 100% do valor da obra, com limite de R$ 60 mil por unidade. A construção deve ser executada em até 14 meses e a amortização ocorre em até 15 anos, dentro do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), a juros de 12% ao ano. A prestação não deve exceder a 25% da renda do tomador. Para reformas e ampliações, o valor limite é de R$ 30 mil. Os juros variam de 14% a 16%. As demais condições são mantidas. A aquisição de imóveis novos ou usados (com até cinco anos de Habite-se) recebeu, em 2000, dotação orçamentária de R$ 190 milhões. De lá pra cá, foram desembolsados R$ 15 milhões (7,89% do total), a uma média de R$ 35 mil por contrato, o que significa 428 financiamentos. O valor máximo financiado é de R$ 90 mil por unidade para imóveis com valor de venda máximo de R$ 150 mil. O prazo de pagamento é de até 15 anos e o comprometimento de renda é de 25% dos vencimentos mensais do tomador. O contrato é pelo SFH e está disponível a correntistas e não correntistas do banco. Sem demanda Para o presidente do banco, Geraldo Gardenali, o baixo volume liberado nos últimos anos indica que não houve demanda do mercado. "Os programas estão disponíveis, mas o mercado inteiro está com demanda fraca. O mercado está parado e havia o medo da correção dos contratos superar os ganhos dos tomadores", disse. O gerente de crédito reforça a tese da baixa procura argumentando que a análise de crédito do banco não impede as operações. "Nossa taxa de rejeição é baixíssima", disse. Para o diretor executivo de Programas Habitacionais do Sindicato da Habitação do Estado (Secovi-SP), Celso Petrucci, a alegação é curiosa. "Causa-me estranheza que um agente financeiro com centenas de agências e com esta oferta de crédito tenha fechado apenas esse volume de financiamento", disse. De acordo com o relatório anual da Nossa Caixa, referente a 2001, o banco possuía 807 agências em dezembro. Petrucci considera "difícil" que o dinheiro não tenha sido aplicado por falta de demanda. "A Nossa Caixa tem um grande número de correntistas; como é que ninguém se interessou em construir ou comprar uma casa neste período?", questionou. O diretor do Secovi -SP lembrou que o banco paulista detém a 4º maior caderneta de poupança do País, com saldo total de R$ 5,6 bilhões. Neste ano, a Nossa Caixa está investindo em publicidade para ampliar a demanda por crédito imobiliário. A expectativa da instituição é chegar a R$ 40 milhões desembolsados apenas neste ano. Se for alcançado, o volume financiado em 2002 seria equivalente ao montante registrado desde 1998 até o momento. Dos R$ 40 milhões, 30% devem ir para o Programa Mãos à Obra (cerca de R$ 12 milhões). Os outros R$ 28 milhões seguirão para a compra de imóveis novos ou usados. A cifra é 86,7% maior que os R$ 15 milhões desembolsados de 2000 até agora. "É um número que pode ser alcançado, se mantidas as atuais condições de mercado", avaliou Gazonato. O presidente do banco concorda. "O mercado está mais aquecido neste ano", disse. O presidente da Nossa Caixa condicionou, contudo, a expectativa ao comportamento dos interessados. "Os R$ 40 milhões não são uma meta; dependerão do interesse dos tomadores", disse.

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