Publicidade

Banco Mundial alerta para crescimento desigual na África

Crescimento médio de 5,4% ao ano na região subsaariana 'ainda não é suficiente'.

Por BBC Brasil
Atualização:

Os países da África subsaariana cresceram em média 5,4% ao ano entre os anos de 1995 e 2005 e parecem manter um crescimento econômico acelerado que pode ajudá-los a se desenvolver e reduzir os altos níveis de pobreza no continente, segundo um relatório do Banco Mundial divulgado nesta quarta-feira. O organismo adverte, porém, que o crescimento tem sido desigual entre os países e que há o risco de uma divisão econômica entre nações ricas e pobres na região. O período de crescimento acelerado contrasta com uma década de colapso econômico, entre 1975 e 1985, e outra de estagnação, entre 1985 e 1995. Na avaliação do Banco Mundial, a manutenção das altas taxas de crescimento teria sido conseguida graças a um aumento de produtividade e de investimentos privados. O organismo prevê que para sustentar esse nível de crescimento será necessário melhorar o clima para os negócios e a infra-estrutura na região, além de investimentos de longo prazo, principalmente para evitar uma divisão cada vez maior entre os países com alto crescimento e os países com economia estagnada. O estudo analisou mais de mil indicadores sociais e econômicos e concluiu que muitos países africanos parecem estar crescendo de maneira rápida e estável o suficiente para "atacar o alto nível de pobreza da região e atrair investimentos globais". O Banco Mundial considera ser necessário um crescimento anual de cerca de 7% para uma redução sustentada da pobreza nos países africanos. De acordo com o relatório divulgado nesta quarta-feira, porém, apenas 9 dos 42 países da região subsaariana tiveram crescimento acima desse nível no período entre 1995 e 2005. Guiné Equatorial é apontada pelo relatório como o país com o maior crescimento médio nesse período (30,8% ao ano), seguido de Chade (9% ao ano), Angola (8,5%) e Moçambique (8,3%). Zimbábue (queda média de 2,2%), República Democrática do Congo (aumento de 0,08%), Burundi (0,43%) e Guiné-Bissau (0,47%) são apontados como os países com o menor crescimento no período. O economista-chefe do Banco Mundial para a África, John Page, disse à BBC estar "amplamente otimista" de que há uma mudança fundamental ocorrendo na África. "Pela primeira vez em quase 30 anos vimos um grande número de países africanos que começaram a mostrar crescimento econômico acelerado a taxas que são semelhantes àquelas do resto do mundo em desenvolvimento e que hoje de fato excedem a taxa de crescimento na maioria das economias avançadas", disse Page. A questão principal, segundo ele, é que "a África aprendeu a comprar e vender mais eficientemente com o resto do mundo, a contar mais com o setor privado e a evitar os sérios colapsos no crescimento econômico que caracterizaram os anos 1970, 1980 e mesmo o início dos anos 1990". O relatório aponta, porém, para grandes variações entre os países africanos e adverte que taxas de crescimento desiguais entre eles podem acabar dividindo o continente entre países que conseguirão erradicar a pobreza e enriquecer e aqueles que continuarão estagnados. Como exemplo desse problema, o relatório destaca o fato de que 60,5% de todo o investimento estrangeiro direto na África subsaariana em 2005 foram direcionados aos sete países exportadores de petróleo (Guiné Equatorial, Chade, Angola, Sudão, Nigéria, República do Congo e Gabão). Além disso, metade da riqueza da região está hoje concentrada em dois países - África do Sul e Nigéria. Na avaliação do Banco Mundial, os problemas de infra-estrutura e o alto custo das exportações a partir da África comparados com outras regiões do mundo seriam os responsáveis por impedir um crescimento maior dos países da região. Além disso, o relatório também aponta problemas com a instabilidade política, que afugenta investidores, e a corrupção, que desviaria recursos que poderiam ser investidos em educação e saúde. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.