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Banco Mundial rebaixa projeção para PIB do Brasil e vê retração também em 2017

Relatório prevê retrações de 4% este ano e de 0,2% em 2017; entre os principais países da economia mundial, o Brasil deve ter o pior desempenho do PIB este ano

Foto do author Altamiro Silva Junior
Por Altamiro Silva Junior (Broadcast) e correspondente
Atualização:

NOVA YORK - O Banco Mundial revisou para baixo as projeções de evolução do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil e prevê agora retrações de 4% este ano e de 0,2% em 2017. Os dois números são piores do que o estimado em janeiro pela instituição no relatório "Perspectivas Econômicas Globais", que previa naquele momento queda de 2,5% em 2016 e expansão de 1,4% no próximo ano. Hoje, a instituição divulgou uma atualização do documento.

O relatório destaca que o Brasil e a Rússia devem ter este ano uma recessão maior que o inicialmente esperado. Entre os principais países da economia mundial, o Brasil deve ter o pior desempenho do PIB este ano. A economia russa deve encolher 1,2%.

As previsões de agora são piores do que o estimado em janeiro pela instituição no relatório Foto: Thiago Teixeira/Estadão

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Em 2018, o Brasil deve voltar a ter crescimento positivo, de 0,8%. Também nesse período o número é menor do que o previsto em janeiro pela instituição, de expansão de 1,5%. O boletim Focus, do Banco Central, que reúne as previsões do mercado financeiro, mostra visão mais otimista para o Brasil, com o PIB encolhendo 3,71% em 2016 e avançando 0,85% no ano que vem.

"O cenário para o Brasil permanece desafiador", afirma o relatório do Banco Mundial. A forte contração esperada para 2016 deve contaminar os números de 2017, por isso a previsão de contração. Além disso, o banco ressalta que a piora na renda das famílias, a alta do desemprego, o ajuste fiscal esperado do novo governo e a incerteza política devem pesar na atividade nos próximos meses.

"Se a incerteza política continuar, a implementação de medidas fiscais pertinentes pode ser atrasada, pesando no investimento", afirma o documento. "Enquanto a inflação dá mostras de começar a desacelerar, uma política monetária apertada deve continuar no curto prazo, na medida em que os índices de preços permanecem acima da meta." O Banco Mundial, porém, evita fazer maiores comentários sobre a situação política brasileira no documento.

O Banco Mundial ressalta que o clima de "tensão e incerteza política" permanece no País e pode atrasar a aprovação de medidas essenciais para melhorar a confiança de investidores e consumidores. O texto detalha que a confiança caiu para patamares historicamente baixos no País, como reflexo da Operação Lava Jato e do clima político. Além disso, a inflação tem ficado persistentemente alta, o que ajuda a comprometer a renda das famílias, que já vem sendo afetada pela alta do desemprego.

América Latina. A piora maior do que o esperado vai fazer com que a América Latina tenha novo ano de contração do PIB, afirma o relatório. Além disso, os riscos na região permanecem pendendo para o lado negativo. Um deles é o da recessão no Brasil durar mais que o previsto. Segundo as estimativas, a região sofrerá uma contração de 1,3% em 2016 após um declínio de 0,7% em 2015, os primeiros anos seguidos de recessão em mais de 30 anos. Em 2017, a região deve voltar a crescer, se expandindo 1,2%.

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Pelas projeções do Banco Mundial, a Venezuela deve encolher 10% este ano e o Equador ter queda de 4% no PIB, mesmo patamar esperado para o Brasil. A Argentina pode ter retração de 0,5%. No lado positivo, o México deve crescer 2,5% este ano, o Peru, 3,5% e o Chile, 1,9%.