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Banco Mundial reduz previsão para PIB chinês

Estimativa é de crescimento de 7,5% em 2009, o que seria o menor índice de expansão do país em 18 anos

Por Cláudia Trevisan
Atualização:

O Banco Mundial reduziu sua previsão de crescimento para a China no próximo ano de 9,2% para 7,5%, por causa do impacto da crise global e da desaceleração da economia provocada por fatores domésticos. Se confirmado, será o menor índice de expansão do país em 18 anos. A última vez que a China cresceu abaixo de 7,5% foi em 1990, sob o impacto da repressão aos protestos de estudantes na Praça da Paz Celestial em 1989, quando o processo de reforma foi interrompido e os investimentos estrangeiros no país suspensos. Naquele ano, a expansão do PIB foi de 3,8%. "As recessões coordenadas nos Estados Unidos, Europa e Japão criam um cenário muito difícil para as economias emergentes, mas a China vai conseguir manter um crescimento saudável em 2009 graças ao pacote de estímulo anunciado pelo governo", disse ontem o diretor e chefe da missão do Banco Mundial na China, David Dollar, ao divulgar a revisão quadrimestral da entidade para o país. A previsão de aumento do PIB chinês em 2008 passou de 9,8% para 9,4%. Apesar de classificar a expansão como "saudável", Dollar ressaltou que o menor ritmo de crescimento terá impacto direto sobre capacidade do país de criar empregos em 2009, um dos elementos centrais na obsessão dos dirigentes de Pequim com a estabilidade social. O Banco Mundial não faz estimativas sobre cifras de desemprego na China, mas o economista-chefe da entidade, Louis Kuijs, previu queda na criação de empregos urbanos no próximo ano em relação a 2008. Dollar observou ainda que pode haver "alguns problemas" sociais no campo caso um grande número de migrantes comece a retornar a suas vilas por não encontrar emprego nas cidades. A China tem cerca de 150 milhões de migrantes rurais, que deixaram de cultivar a terra nas últimas décadas para trabalhar na construção civil e nas indústrias do sul do país, de têxteis, calçados e brinquedos, que sofrem com a retração do mercado internacional. O pacote de estímulo de US$ 586 bilhões anunciado em 9 de novembro será crucial para garantir a expansão em 7,5% no próximo ano, mas a crise internacional terá forte impacto negativo sobre a economia do país no primeiro semestre, avalia Kuijs. Se a situação global se estabilizar, as coisas começarão a melhorar na China a partir da metade do ano, quando o pacote começará a produzir efeitos. O Banco Mundial espera que os gastos do governo respondam por 4 pontos porcentuais do crescimento do PIB no próximo ano, o que será 1,5 ponto porcentual acima da contribuição em 2007. Com expansão doméstica e retração mundial, as importações chinesas deverão crescer 6,5% em 2009, acima dos 3,5% previstos para as exportações. Apesar disso, a China continuará a ter superávits comerciais por causa da queda nos preços das commodities. A previsão da entidade é que o resultado das transações da China com o restante do mundo passe de US$ 386 bilhões para US$ 427 bilhões. Mesmo com o aumento em números absolutos, o superávit em conta corrente vai cair de 9,3% para 8,9% do PIB.

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