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Banco Mundial revê padrão e diz que cresce a pobreza no mundo

Por LESLEY WROUGHTON
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O Banco Mundial afirmou na terça-feira que há mais gente vivendo sob a linha da pobreza nos países em desenvolvimento do que se pensava, agora que esse parâmetro foi reajustado de 1 para 1,25 dólar por dia. A entidade calcula que em 2005 havia 1,4 bilhão de pessoas vivendo com menos de 1,25 dólar por dia, o que significa um quarto da população do Terceiro Mundo. Em 2004, o calcula era de 1 bilhão de pessoas vivendo com menos de 1 dólar. Ainda assim, a cifra atual é bastante mais positiva do que a de 1,9 bilhão de pessoas que viviam com menos de 1,25 dólar em 1981. As novas estimativas se baseiam em preços globais atualizados, e a revisão da linha de pobreza reflete o fato de que o custo de vida nos países em desenvolvimento é mais alto do que se pensava. Os dados são resultado de 675 entrevistas domiciliares em 116 países. "Essas novas estimativas são um grande avanço nas medições da pobreza, porque se baseiam em dados de preços muito melhores, garantindo que as linhas de pobreza sejam comparáveis em todos os países", disse Martin Ravallion, diretor do Grupo de Pesquisa em Desenvolvimento do Banco Mundial. Embora tenha aumentado a quantidade global de pobres, o economista-chefe do Banco Mundial, Justin Lin, acha que ainda será possível alcançar a meta estabelecida pela ONU de reduzir à metade o número de pobres até 2015, em comparação a 2000. Os novos dados, porém, mostram que não há espaço para complacência, e que os países doadores precisam manter suas promessas de ampliar a ajuda ao desenvolvimento. Segundo ele, é preciso atenção especial à África Subsaariana. Ali, ao contrário do resto do mundo, a taxa não caiu nos últimos 24 anos, quando se aplica a nova linha de pobreza em 1,25 dólar por dia. Em 2005, metade da população subsaariana vivia com menos de 1,25 dólar por dia, assim como em 1981. Devido ao aumento populacional, o número total de pobres da região saltou de 200 para 380 milhões nesse período. Em outras regiões, por outro lado, houve declínio nas taxas de pobreza. No Leste Asiático (China incluída), a redução foi de quase 80 por cento em 1981 para 18 por cento em 2005 --no período, essa deixou de ser a região mais pobre. Na China, o número total de pobres caiu de 835 milhões em 1981 para 207 milhões. No Sul da Ásia, a taxa de pobreza pelos novos padrões caiu de 60 para 40 por cento, mas o avanço foi contrabalançado pelo crescimento populacional, e o número total ficou em 600 milhões. Na Índia, a taxa caiu entre 1981 e 2005 (de 60 para 42 por cento), mas o número total de pobres cresceu (de 420 para 455 milhões). O Banco Mundial lembrou que países mais desenvolvidos têm linhas de pobreza mais elevadas, e que em casos como América Latina e Leste Europeu o mais adequado seria considerar como pobres os que vivem com menos de 2 dólares por dia.

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