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Banco português reitera restrições ao crédito para o Brasil

O único banco português que restringiu linhas de crédito à exportação do Brasil não mudou sua posição, após a reunião das instituições financeiras portuguesas com o ministro da Casa Civil, Pedro Parente, nesta quarta-feira

Por Agencia Estado
Atualização:

O único banco português que restringiu linhas de crédito à exportação do Brasil não mudou sua posição, após a reunião das instituições financeiras portuguesas com o ministro da Casa Civil, Pedro Parente, nesta quarta-feira. "Em termos totais, não fizemos cortes substanciais. Analisamos as linhas caso a caso. Em termos de prazos, garantias e aumento do risco, houve alguma preocupação na remodelação das linhas, o que corresponde à leitura internacional da situação do Brasil", afirmou Mário Amaral, do conselho de administração do Banco Espírito Santo. Para o banco português com maior exposição ao Brasil e com maior volume de linhas de crédito ao país, a Caixa Geral de Depósitos, o aumento do risco Brasil não significou mudanças na posição da instituição. "Há cerca de um mês, renovamos as diversas linhas de crédito que temos com o Brasil. Continuamos confiantes no Brasil. Há problemas de curto prazo, especialmente esses do movimento errático da moeda, mas nós estamos numa perspectiva de médio e longo prazo", disse Antônio de Sousa, presidente do banco. Com 14% do Unibanco, a estatal Caixa Geral de Depósitos teve lucro no Brasil, apesar da variação cambial. "Na prática nós ainda estamos ganhando no Brasil. Em termos de montante, é uma situação quase de equilíbrio. Perdemos a maior parte dos lucros, embora ainda tenhamos algum lucro, no conjunto das atividades. Não vou dizer o total". Encontros O encontro com Sousa, no início da manhã, foi a primeira de cinco reuniões do ministro Parente realizadas hoje. Acompanhado pelo secretário de Política Econômica, José Guilherme dos Reis, Parente encontrou-se com empresários portugueses que investem no Brasil e almoçou com representantes de fundos de investimentos, antes de uma reunião com os diretores de bancos portugueses na sede do Banco de Portugal (o banco central do país). No final da tarde, ele se reuniu com a ministra das Finanças portuguesa, Manuela Ferreira Leite. Para Tiago Lopes, gestor de fundos assistente do Espírito Santo Activos Financeiros, o ministro conseguiu mostrar no encontro com os fundos de investimento que o país está sub-avaliado pelas agências de rating. "A visão da situação brasileira não mudou, já era boa. A intervenção, embora só mostre os tons positivos, ajuda a dar uma visão mais precisa da situação brasileira. Acho que não justifica o risco Brasil". O vice-presidente do banco Finantia, Eduardo Costa, deu sua opinião a respeito do risco Brasil. "Os aspectos macro-econômicos fundamentais estão sólidos. O prêmio que é pago pelo Brasil pelos empréstimos tem como origem mais a política e não a situação econômica. Reflete as preocupações dos mercados mundialmente". Costa considera que o endividamento do país não é excessivamente alto. "Em termos de percentagem do PIB, a dívida pública portuguesa e a de vários países europeus é maior do que a brasileira". Apesar de não ter exposição ao mercado brasileiro, o envolvimento do Finantia com o Brasil é na colocação de papéis brasileiros no mercado português e europeu. Balanço No final da reunião com os investidores, Parente fez um balanço das reuniões em Portugal. "A grande preocupação é sobre qual a intervenção dos candidatos em relação aos fundamentos da política econômica, ou seja, o respeito pelos contratos, a inflação baixa e a responsabilidade fiscal. Os candidatos poderão fazer mudanças na política econômica, mas essas mudanças não se referem a esses três aspectos". Ele procurou minimizar a importância do risco Brasil: "O risco Brasil é calculado em relação a um mercado pequeno, de pouca liquidez, suscetível a qualquer nova venda de papéis. Neste momento, a situação mundial de todos os mercados é de aversão aos riscos". Caso o valor dos papéis brasileiros volte a baixar, Parente afirmou que o Brasil poderá intervir novamente no mercado. "Temos acordo com o FMI para a recompra de até 3 bilhões de dólares da dívida e já utilizamos 2,3 bilhões".

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