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Banco público não pode ter juro maior que privado, diz Mantega

Segundo ministro da Fazenda, Lula determinou em reunião nesta 5ª que bancos federais liderem queda de juros

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Por Adriana Fernandes , Fabio Graner e da Agência Estado
Atualização:

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta quinta-feira, 22, que os bancos públicos não podem cobrar taxas de juros em seus empréstimos maiores do que os bancos privados. Segundo ele, em reunião nesta quinta no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou aos bancos públicos (BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco Central, Banco do Nordeste e Banco da Amazônia) que liderem o processo de redução do spread bancário para tornar o custo do crédito mais barato.   Veja também: BC faz o maior corte na taxa Selic em cinco anos Desemprego, a terceira fase da crise financeira global De olho nos sintomas da crise econômica  Dicionário da crise  Lições de 29 Como o mundo reage à crise    "Esperamos que os bancos privados tenham o mesmo comportamento", disse. Segundo Mantega, os spreads bancários chegaram a patamares "inimagináveis, inadmissíveis" para um país que precisa de crédito para crescer.   O ministro ressaltou que os bancos públicos podem reduzir o spread cobrado dos clientes sem perder rentabilidade. Segundo ele, as instituições podem, por exemplo, compensar uma queda no spread com uma ampliação na participação de mercado. "É possível baixar o spread sem reduzir a rentabilidade", afirmou.   Ele lembrou, no entanto, que, por causa dos lucros elevados, os bancos têm margem para reduzir o custo do crédito ao consumidor. "Demos uma orientação geral para que os bancos reduzam suas taxas. Alguns bancos públicos elevaram suas taxas sem razão", afirmou.   Ele admitiu que, recentemente, houve reduções nas taxas de juros cobradas pelos bancos, mas o movimento é "insuficiente e incompatível para uma expansão dos investimentos".   Crédito   Na reunião com os bancos, segundo Mantega, Lula também recomendou aos dirigentes de todos os bancos públicos que agilizem a liberação das operações de crédito. "O presidente quer que os bancos sejam mais rápidos na liberação do crédito", disse.   O ministro assegurou que os bancos públicos continuarão aumentando o volume de oferta de crédito, mas reconheceu que ainda falta crédito no Brasil. Segundo ele, o crédito externo, em parte, está voltando, mas ainda não plenamente. Ele observou que há mais demanda no mercado interno porque empresas que tomavam crédito externo hoje tem que recorrer ao mercado doméstico.   De acordo com Mantega, no ano passado, após o agravamento da crise em setembro, os bancos públicos elevaram a disponibilidade de crédito. "Desde o BNDES até o BASA", afirmou. O ministro disse que o crescimento do crédito dos bancos públicos em 2008 foi expressivo e citou o BNDES, cujo crédito teve expansão superior a 40%, totalizando R$ 91 bilhões.   Ele também citou o Banco do Brasil, com um crescimento de 40% do crédito. Ele disse que foi "perfeitamente satisfatório" o desempenho dos bancos públicos no ano passado. Na visão do ministro, eles cumpriram um papel à altura de um banco público, ajudando a economia.   Selic   O ministro avaliou que o Banco Central deu um passo importante na quarta-feira, ao reduzir a Selic em um ponto porcentual. Segundo ele, as taxas de juros continuarão caindo daqui para a frente. Para o ministro, agora elas estão em "outro patamar". Ele destacou que logo após a decisão do Copom vários bancos também anunciaram redução das taxas de juros cobradas de seus clientes. Enfaticamente, o ministro disse que a decisão de ontem foi o início de um processo de flexibilização monetária. "Daqui para a frente, as taxas de juros continuarão caindo."   Questionado sobre o custo da operação de liberação de R$ 100 bilhões do Tesouro Nacional ao BNDES, Mantega deu um sorriso e respondeu: "depende da Selic". Segundo o ministro, dependendo da taxa básica de juros, o custo da operação poderá ser maior ou menor.

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