A taxa de câmbio em 2003 deve ficar em torno de R$ 3,20, seja qual for o resultado das eleições presidenciais, marcadas para daqui a duas semanas. Esta é a média das projeções de oito bancos e consultorias reunidas em sinopse do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A taxa mais conservadora é a da consultoria Rosenberg & Associados, de R$ 2,90 no final do ano que vem. O Citibank e a MCM Consultores prevêem cenário mais agressivo, com o dólar chegando, respectivamente, a R$ 3,60 e R$ 3,50. Também fazem parte da mostra BBV Banco, JP Morgan Chase, Unibanco, Fator e Macrométrica. Em relatório distribuído na semana passada a investidores externos com as previsões para a economia brasileira no ano que vem, o BBV Banco informa a seus clientes, sem fazer menção ao nome de nenhum candidato, que há quatro possibilidades de resultado para as eleições presidenciais, uma de situação e três de oposição. Uma delas, a de vitória de uma "oposição desorganizada" - aquela cujas propostas seriam diametralmente opostas ao que tem sido feito até agora - tem apenas 10% de chance, enquanto as outras três detêm o mesmo porcentual de probabilidade: 30%. O melhor cenário de vitória é o da continuidade e o pior, o da classificada como "desorganizada". Já no caso da "oposição surpreendente", que seria aquela que, de acordo com o relatório, respeitaria as mesmas bases macroeconômicas usadas atualmente, as projeções se aproximam muito do cenário "continuidade". Há ainda, a "oposição confusa", que não sabe ao certo que caminho irá seguir. Em quaisquer dos casos de maior probabilidade de vitória, porém, a taxa de câmbio para 2003 oscilaria entre R$ 3 e R$ 3,50. Caso saia vencedora da disputa a "oposição desorganizada", a taxa se elevaria para algo sem precedentes na história econômica recente: R$ 4,60. Oposição surpreendente O economista-chefe do BBV, Octavio de Barros, explica que está sendo apresentada ao mercado, especialmente no exterior, a possibilidade de haver uma "oposição positivamente surpreendente". "Não estão sendo colocados nomes, mas a surpresa pode vir, por exemplo, de uma manutenção do Armínio Fraga à frente do Banco Central ou da apresentação de uma equipe econômica de elevadíssimo padrão." Dirceu Bezerra Junior, da Rosenberg & Associados, diz que a projeção de R$ 2,90 que aparece na compilação do BNDES só pode ser considerada em um cenário, interno e externo, muito positivo, "que tem menos de 10% de chance de se concretizar", como ele faz questão de salientar. Caso contrário, a previsão da consultoria pode saltar para algo entre R$ 3,50 e R$ 3,80 no fim do ano que vem. Há quem defenda a manutenção de taxa de câmbio elevada. É o caso do economista Luiz Carlos Bresser Pereira, ex-ministro de Administração, que defende a medida como sustentação de uma política de crescimento. Segundo ele, este sistema cambial que possibilitou a ascensão da economia asiática na última década. Bresser acredita, em última instância, no controle da entrada de capitais para evitar uma baixa extremada da taxa de câmbio.