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Bancos centrais reagem à queda do preço do petróleo

Rússia, Noruega e Nigéria já adotam medidas para conter desvalorização da moeda e evitar riscos para o crescimento

Por RENATO OSELAME
Atualização:

NOVA YORK - A pressão do declínio nos preços do petróleo sobre os mercados financeiros ao redor do mundo tem enfraquecido títulos e moedas em economias dependentes da exportação da commodity e forçado diversos bancos centrais a agir para tentar manter a estabilidade econômica. Ontem as autoridades monetárias da Rússia e da Noruega tomaram atitudes distintas em relação às suas taxas básicas de juros para equilibrar os efeitos da queda no petróleo no mercado de câmbio. Em Moscou, o Banco da Rússia aumentou sua taxa de referência para 10,5% ao ano, ante índice anterior de 9,5%. A taxa de depósitos também foi elevada em 1 ponto porcentual, para 9,5%. As decisões monetárias tentam conter a queda acentuada do rublo, que já tem sido afetado neste ano com as tensões geopolíticas envolvendo a Ucrânia e as sanções impostas pelos países ocidentais. A situação do rublo tem se agravado com a queda de 41% nos preços do barril de Brent em 2014, já que mais de metade das receitas do orçamento anual do país são provenientes das exportações de petróleo e de gás natural. Em Oslo, a moeda nacional atingiu ontem uma mínima de cinco anos ante o euro após o banco central do país ir na direção oposta à tomada pelos russos e cortar a taxa de juros a 1,25% ao ano, de 1,5%. O objetivo é combater a desaceleração no crescimento da economia, já que o Norge Bank considera que "a atividade na indústria petrolífera deve ser mais fraca que o projetado anteriormente". A Noruega é o maior exportador da commodity na Europa. A situação também é problemática na Nigéria, em que 80% das receitas orçamentárias vêm da exportação de petróleo, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). O ministro das Finanças do país, na semana passada, já chegou a propor um valor de referência menor, de US$ 65 por barril, a ser considerado no orçamento do país em 2015. A estimativa prévia era de US$ 73. Análise. "O colapso contínuo nos preços do petróleo agora paira sobre os mercados", afirma Anthony Peters, um estrategista na consultoria financeira SwissInvest, acrescentando que isso cria "todos os tipos de enigmas no mercado de câmbio". O diretor de pesquisa de mercados emergentes do Standard Bank, Tim Ash, acredita que o banco central da Rússia está preso em um dilema, no qual não quer "gastar" suas reservas para impulsionar o rublo "nem aumentar as taxas de juros com medo de empurrar a economia ainda mais para a recessão". Portanto, caso o petróleo continue em queda, o rublo deve continuar enfraquecido. "Se os preços subirem, o rublo deve seguir esse movimento. Se eles ficarem nos níveis atuais ou caírem, a tendência deve ser de um maior enfraquecimento", afirma Neil Shearing, economista para mercados emergentes na Capital Economics. Como opção à Rússia no mercado de câmbio, analistas do banco Société Générale indicam a compra da moeda nacional da Turquia. O país vai se beneficiar dos novos preços do petróleo, já que investe cerca de US$ 55 bilhões ao ano, ou 6,5% do seu Produto Interno Bruto (PIB). O saldo comercial e a inflação do país também devem melhorar com a desvalorização nos barris.

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