PUBLICIDADE

Publicidade

Bancos de investimento brasileiros faturam mais no segundo trimestre

Na contramão. Apesar das incertezas no ambiente de negócios no País e no exterior, instituições financeiras conseguem aumentar receita com operações de renda variável e renda fixa; perspectiva para o próximo semestre é boa, segundo analistas do setor

Foto do author Cynthia Decloedt
Foto do author Aline Bronzati
Por Cynthia Decloedt (Broadcast) e Aline Bronzati (Broadcast)
Atualização:

A turbulência que afetou os mercados interno e externo nos últimos meses, não impediu que as áreas de banco de investimento das três instituições privadas brasileiras mais atuantes encerrassem o segundo trimestre com resultados maiores.

PUBLICIDADE

O Bradesco BBI viu suas receitas quase que dobrarem no segundo semestre do ano, enquanto o negócio de banco de investimento do BTG Pactual teve o melhor desempenho trimestral desde 2009. Já o Itaú BBA manteve sua posição nos rankings de maiores receitas com comissões do primeiro semestre deste ano em relação aos seis primeiros meses de 2012. Os dados são da Dealogic, empresa que compila dados sobre operações globais de fusões e aquisições, renda variável e renda fixa.

O diferencial neste segundo trimestre foram operações pontuais, fora do padrão, e que garantiram comissões mais atrativas aos bancos, antes do congelamento provocado pela virada de expectativas para a economia brasileira e norte-americana, a partir de maio, segundo especialistas ouvidos pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.

Além disso, o período contou com algumas operações de grande porte, como a oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da BB Seguridade, braço de seguros do Banco do Brasil. "Sob o ponto de vista do acumulado do ano, o semestre começou bem com uma série de operações, inclusive, algumas, inovadoras. O que atrapalhou foi o cenário de deterioração no final do segundo trimestre", avalia Allan Libman, chefe do banco de investimentos do Credit Suisse no Brasil, que liderou o ranking de comissões em fusões e aquisições.

Foi justamente a participação em operações mais complexas e inovadoras que promoveu um salto de 95,7% na receita do Bradesco BBI no segundo trimestre frente ao mesmo período do ano passado, totalizando R$ 225 milhões. "Concentramos nossos esforços em operações com estratégias que agregaram maior desafio ao banco, mas melhoraram as sinergias e custos para as empresas. Capturamos parte desse benefício nas comissões", diz Renato Ejnisman, diretor-gerente do banco de investimentos do Bradesco.

Entre tais operações inovadoras, ele cita a emissão externa da Cosan em dólares e em reais, feitas simultaneamente, nos montantes de US$ 500 milhões e R$ 850 milhões.

Ejnisman atribui a expansão das receitas do banco também ao fato de o BBI, nascido em 2007, estar em processo de evolução de suas operações e aumento de sua base de clientes. "Assim capturamos mais mercado", disse. Ele lembra ainda que neste segundo trimestre os volumes melhoraram em relação ao ano passado.

Publicidade

No segmento de renda fixa doméstico, o montante de operações realizadas subiu 7,3% ante igual intervalo do ano passado para R$ 20,675 bilhões, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima). Em renda fixa externa, a alta foi de 122%, para R$ 16,721 bilhões, enquanto no segmento de fusões e aquisições o salto foi de 81,4% para R$ 15,659 bilhões. Vale ressaltar que somente a operação do BB Seguridade correspondeu a cerca de R$ 14 bilhões.

No caso do BTG Pactual, contribuiu a atuação do banco de André Esteves no mercado latino. Em teleconferência com analistas e investidores, o diretor financeiro da instituição, Marcelo Kalim, explicou que a diversificação geográfica do banco, com atuação em outras praças da América Latina, foi importante para a sustentação das receitas da instituição.

Os ganhos no segmento de banco de investimento do BTG subiram 35,7% no segundo trimestre ante um ano, para R$ 175 milhões. Em relação ao primeiro, a alta foi ainda maior, de 68,3%. A área de fusões e aquisições conforme o BTG, teve aumento significativo em relação ao primeiro trimestre e também da lucratividade por transação ainda que não conseguisse atingir o desempenho visto frente a um ano. Já os segmentos de dívida e de equity permaneceram "sólidos", segundo o banco, com o segmento de ações tendo mais destaque no contexto latino e o de dívida no cenário internacional.

No topo.

As receitas de serviços e tarifas bancárias do Itaú BBA cresceram 5,1% no segundo trimestre ante o primeiro e atingiram R$ 874 milhões em meio ao crescimento das taxas de "investment banking" no período. "Tivemos uma aceleração bastante interessante com as atividades de banco de investimento neste segundo trimestre que já mostrou um pouco mais de vitalidade da economia em relação a essas operações", justificou Rogério Calderón, diretor de controladoria corporativa e relações com investidores do Itaú Unibanco, em conversa com a imprensa.

Na área de renda fixa, as operações das quais o BBA participou totalizaram R$ 7,4 bilhões, possibilitando ao banco liderar o ranking da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) em volume, com mais de 25% de market share. Em fusões e aquisições, o banco prestou assessoria financeira a 16 transações até junho de 2013, obtendo a liderança no ranking da Dealogic por quantidade de operações e acumulando um total de US$ 3,3 bilhões.

Para os próximos trimestres, especialistas veem um bom momento para os bancos de investimento, entretanto, julgam ser ainda cedo ter uma clareza sobre a retomada das operações. Libman, do Credit Suisse, acredita que encerradas as férias de verão do Hemisfério Norte, é possível que algumas transações voltem em todos os segmentos.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.