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Bancos de montadoras têm perdas financeiras em 2001

Por Agencia Estado
Atualização:

Apesar do recorde no volume de recursos financiados em 2001, que alcançou R$ 8,9 bilhões, os bancos de montadoras registraram perdas financeiras no ano passado. Grande parte das instituições filiadas à Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef) terminou 2001 no vermelho ou com uma diminuição de seus lucros em relação ao ano anterior. As razões apontadas pelos bancos são as mais variadas e não refletem retração nos volumes das operações de financiamento. Pelo contrário, as receitas da intermediação financeira das empresas cresceu, acompanhando o aumento de quase 17% no número de veículos financiados, que passou de 584 mil unidades em 2000 para 682 mil unidades no ano passado. Resultados inflados em 2000 O lucro líquido do Banco Fiat caiu 35,6%, de R$ 205,5 milhões em 2000 para R$ 132,3 milhões no ano passado. No período, as receitas aumentaram 58,6%, de R$ 458,9 milhões para R$ 727,9 milhões. O resultado foi acompanhado pelo crescimento de 72,7% das despesas, de R$ 268,7 milhões para R$ 464 milhões. Segundo o diretor do Banco Fiat Flávio Croppo, o desempenho em 2001 reflete uma realidade atípica, pois o lucro de 2000 foi inflado em razão de uma nova regra determinada pelo Banco Central na Resolução 2.682. A medida permitiu a diminuição da provisão para créditos de liquidação duvidosa no ano retrasado. Assim, a provisão, que somou R$ 10,2 milhões em 2000, saltou para R$ 56,8 milhões no ano passado. "A regra permitiu que o lucro do ano 2000 fosse incrementado, o que faz com que a comparação com aquele ano resulte em queda", ponderou Croppo. Ele apontou ainda como motivo para a redução do lucro a perda de representatividade das empresas coligadas que atuam nas modalidades leasing e consórcio. IR maior O Banco Volkswagen, por sua vez, atribuiu a queda de 16% no lucro líquido em 2001 - que passou de R$ 43,9 milhões para R$ 36,7 milhões - a uma questão contábil. "No ano 2000, contabilizamos o Imposto de Renda a recuperar no futuro, o que não ocorreu em 2001", explicou o diretor do Banco Volks Marcos Moya. Ele observou que o resultado operacional, sem considerar os impostos, cresceu 47,5%, de R$ 38,3 milhões para R$ 56,5 milhões. As receitas da intermediação financeira subiram 84,5%, para R$ 570 milhões, mas as despesas cresceram 94%, para R$ 393,7 milhões. Desvalorização do real O atraso nos pagamentos por clientes em razão da desvalorização do real ocorrida em 1999 foi o motivo apontado pelo Banco DaimlerChrysler para justificar o prejuízo de R$ 5,2 milhões no ano passado. Em 2000, as perdas foram ainda maiores: R$ 5,6 milhões. Segundo o diretor regional do Banco, J. Francisco Ribeiro, as provisões para créditos de liquidação duvidosa cresceram porque os clientes - na maior parte empresas que compraram os caminhões da marca Mercedes-Benz para suas frotas - tiveram dificuldades de arcar com o pagamento de contratos atrelados ao dólar. "Muitos ganharam ações na Justiça", lembrou Ribeiro, que espera um resultado melhor da instituição este ano. A exemplo do que ocorreu com os bancos Volkswagen e Fiat, as receitas do Banco DaimlerChrysler aumentaram no ano passado, de R$ 86,7 milhões para R$ 148,5 milhões, um crescimento de 71,3%. As despesas passaram de R$ 86,7 milhões para R$ 147,6 milhões, uma elevação de 70,2%.

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