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Bancos dos EUA criticam alta dos juros no Brasil

Por Agencia Estado
Atualização:

Apesar de esperado pelos analistas do mercado financeiro dos Estados Unidos, o anúncio do aumento da taxa de juros no Brasil, de 25%,5% para 26,5% ao ano, foi recebido negativamente por dois bancos norte-americanos. "Essa decisão não foi correta e não faz sentido porque a inflação está reagindo a fatores que ocorreram há três ou quatro meses atrás", disse à Agência Estado o diretor de pesquisa e estratégia para mercados emergentes do Royal Bank of Scotland, Suhas Ketkar. O economista acredita que "o Banco Central está promovendo um novo aperto monetário no momento em que os preços no atacado estão começando a cair". Para ele, além de ter pouco efeito sobre a inflação futura, a alta dos juros terá um impacto negativo na dívida pública. "Quase metade da dívida está atrelada à taxa Selic, então essa elevação de hoje ajudará a piorar a dinâmica da dívida", afirmou Ketkar. "Sem contar os efeitos negativos para os consumidores que desejarem obter crédito". Ele estima uma inflação entre 12% e 13% neste ano. A economista senior para América Latina do banco Bear Stearns, Emy Shayo, também não aprovou a nova alta dos juros. "Esse aumento já era esperado, mas nós não concordamos com a elevação dos juros", disse. Para ela, a meta ajustada de inflação para 2003, de 8,5%, dificilmente será atingida, "com ou sem aumento de juros". Segundo ela, a inflação terá de ser de apenas 0,57% ao mês nos próximos 11 meses. "No entanto, o custo do aumento da taxa Selic para a economia é muito alto", afirmou. Para ela, o mais importante do que o aumento dos juros hoje foi a elevação do depósito compulsório à vista de 45% para 60%. "O que vai tirar liquidez do mercado e contribuirá para estabilizar a moeda", disse Shayo. "Essa medida do aumento do compulsório terá um efeito mais importante do que a elevação da Selic para estabilizar a moeda e, portanto, conter a inflação", afirmou. "Isso porque se o câmbio se estabiliza num patamar melhor, a inflação cede. Mas aumento de juros não está tendo esse efeito".

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