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Bancos médios reveem modelo de negócios

Mudança de cenário no País, com queda nos juros e aumento da competição, leva bancos de médio porte a buscar capitalização e abandonar o consignado

Foto do author Altamiro Silva Junior
Por Altamiro Silva Junior (Broadcast)
Atualização:

Os bancos médios passam por momento complicado no País. Não há problema sistêmico, mas ao menos dez instituições de médio porte precisam se capitalizar e outras estão revendo seus modelos de negócios, em meio ao aumento da competição com grandes bancos, da redução dos juros e da captação de recursos mais cara. Além disso, o Banco Central vem apertando o cerco e exigindo provisões mais rigorosas para calotes em algumas instituições de menor porte. Os bancos mineiros Rural e Banco Mercantil do Brasil estão entre os que precisam se capitalizar para continuar operando no crédito. Os dois bancos estão muito próximos do limite mínimo do índice de Basileia que o Banco Central exige, de 11%. Esse indicador mede quanto as instituições financeiras podem emprestar sem comprometer sua capitalização e sua solvência. Os bancos não estão desenquadrados, mas, na prática, não conseguem operar, pois não têm espaço para emprestar recursos. Outros bancos, como o próprio Rural, o Fibra e o Luso Brasileiro, estão revendo modelos de negócios. Os dois primeiros se focaram mais no crédito para empresas. O Rural e o Fibra pararam de operar no crédito consignado, segmento que muitos especialistas argumentam que se tornou inviável para bancos menores por conta da compressão das margens e da forte concorrência de instituições como Banco do Brasil, Caixa e Bradesco. Para melhorar seu índice de Basileia, o Banco Rural prepara uma nova capitalização. Seu presidente, João Heraldo Lima, disse à Agência Estado que os controladores do banco se comprometeram a aportar R$ 80 milhões no final do ano passado. Desse total, R$ 65 milhões já foram colocados e uma outra injeção de recursos será feita nos próximos dias, provavelmente maior que os R$ 15 milhões restantes. Com Basileia de 11,1%, o executivo reconhece que o banco está parado no crédito, sem conseguir aumentar sua carteira. Desde meados de 2008, o Rural vem reduzindo sua operação com consignado e, há um ano, parou totalmente com esses empréstimos. Heraldo destaca que as margens caíram muito, em meio a forte concorrência, e o Banco Central ficou mais rigoroso na regulação. Ele cita como exemplo a nova regra de cessão de carteiras, que entrou em vigor em janeiro e impede o reconhecimento das receitas com as vendas no momento da operação. O banco é obrigado agora a diferir o ganho ao longo do vencimento da carteira. No consignado, boa parte das carteiras de empréstimos eram vendidas a instituições de maior porte.O Banco Mercantil do Brasil, procurado, não quis comentar o assunto.Mudança. Quem também deixou de operar com consignado foi o Banco Fibra. A instituição, controlada pela família Steinbruch, está se focando mais no crédito a empresas e menos a pessoas físicas, segundo seu presidente, Antônio Francisco de Lima Neto. Há cerca de dois anos o banco começou uma reestruturação, ganhou um novo sócio, o IFC (braço financeiro do Banco Mundial), e recebeu algumas injeções de capital. Em 2011, os acionistas fizeram um aporte de R$ 330 milhões e, este ano, outro de R$ 28 milhões. Quem também se capitalizou foi o Banco Luso Brasileiro, que estava com Basileia de 11%. A instituição recebeu aporte de R$ 100 milhões. O banco também redefiniu seu foco e passou a se concentrar em financiamento de veículos pesados, principalmente ônibus. O presidente do Luso, José Francisco Ribeiro, destaca que dentro da nova estratégia já liberou R$ 150 milhões para financiamento em cerca de três meses, e deve conseguir dobrar sua carteira de crédito este ano, com projeção de chegar em dezembro em R$ 550 milhões. Dentro das mudanças, o Luso recebeu novos sócios, e a família portuguesa Tavares de Almeida passou a dividir o controle com as famílias Ruas e Cunha e com o Grupo Américo Amorim. Nesse cenário de desafios para os bancos médios, o presidente de um banco de investimento estrangeiro no Brasil prevê acirramento da consolidação no setor, com instituições sendo vendidas ou se fundindo com outras maiores. / COLABOROU LEANDRO MODÉ

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