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Bancos pagam 'dividendo magro' devido à covid, mas indicam 2021 mais generoso a acionista

Bradesco, Itaú e Santander desembolsaram R$ 13,86 bi em pagamentos a acionistas em 2020, valor cerca de um terço menor que em 2019; no auge da pandemia, BC chegou a proibir a distribuição de dividendos acima de 25%

Foto do author Aline Bronzati
Por Aline Bronzati (Broadcast) e André Ítalo Rocha
Atualização:

Depois de verem o lucro cair dois dígitos em razão da pandemia e com restrição para distribuírem resultados, os pesos pesados do setor financeiro no Brasil prometem um ano mais rentável aos acionistas em 2021. A sinalização veio na retomada das projeções de desempenho, os chamados guidances, que indicam uma safra melhor de ganhos com a redução do custo de crédito e a recuperação econômica, mesmo com o ritmo lento da vacinação no País jogue contra.

Bradesco, Itaú Unibanco e Santander Brasil desembolsaram R$ 13,86 bilhões em pagamentos a seus acionistas em 2020, ano marcado pela pandemia. A cifra é cerca de um terço do valor visto no exercício anterior, quando distribuíram R$ 46,26 bilhões.

Pagamento de 'dividendos magros' não aconteceu apenas com o Itaú, mas também com outros bancos do Brasil e no mundo. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

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Além de os resultados terem sido afetados pelo reforço bilionário feito pelos bancos ao colchão para perdas (em uma antecipação ao aumento dos calotes - que ainda não deu as caras), pesou uma determinação por parte do Banco Central (BC). Diante da pandemia, a autoridade monetária proibiu os bancos de distribuir dividendos além do mínimo obrigatório, de 25%, elevando-o depois para até 30% do seu lucro líquido. A medida vigorou de abril até dezembro do ano passado.

O BC brasileiro não agiu sozinho. Nos Estados Unidos e na Europa, a restrição de dividendos também foi adotada, em meio à preocupação com os impactos da covid-19 em termos de liquidez. Em estudo recente do Banco de Compensações Internacionais (BIS), espécie de banco central dos bancos centrais, Bryan Hardy menciona o movimento e o impacto no mercado. As restrições sobre pagamentos de dividendos, impostas por autoridades monetárias ao redor do mundo, diz, diminuíram o apetite dos investidores por ações do setor bancário, que andaram de lado em meio à crise.

Com a vacinação em curso e o pior da crise econômica aparentemente superado, os BCs têm reavaliado as medidas adotadas na pandemia. No Brasil, o Conselho Monetário Nacional (CMN), embora tenha flexibilizado a distribuição de dividendos dos bancos referentes a 2020, deve se posicionar a respeito na reunião, que acontece em março.

Com isso, os bancos aguardam sinalização mais clara, mas indicam que o retorno dos acionistas será mais parrudo em 2021. O Bradesco é um deles. Deixou para bater o martelo, porém, na segunda metade do ano, como fez em 2019, quando liberou a bolada de R$ 8 bilhões em dividendos extraordinários aos acionistas.

"Se não houver nenhuma impedimento, entendermos o capital mínimo que precisamos para operar e não havendo nenhuma outra surpresa, o banco vai continuar pagando dividendos como sempre pagou", disse o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, ao ser questionado, durante teleconferência com analistas e investidores.

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De acordo com o diretor departamental do Bradesco, Carlos Firetti, o banco considera elevar a proporção de dividendos pagos a seus acionistas em 2021, encerrada a proibição por parte do BC. Ele não definiu, contudo, um número preciso. "A restrição de dividendos já acabou. Os níveis de rentabilidade estão implícitos no nosso guidance. O banco vai continuar gerando capital. É bem possível que o banco aumente o payout do ano", disse, na mesma teleconferência.

O novo presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy, também teve de responder ao mesmo tema, ao falar sobre os resultados, em sua primeira aparição no comando do maior banco da América Latina. Segundo ele, com o fim da restrição do BC, o conglomerado retoma a premissa adotada nos últimos anos, de distribuir o excesso de capital, conforme uma série de critérios para o cálculo dos dividendos.

"Continua sendo a nossa premissa e o nosso objetivo do pagamento de dividendos. Então, recompondo o capital, daqui para frente a gente volta a uma certa normalidade em relação ao dividendo", disse Maluhy.

A menor distribuição de dividendos também afetou os bancos do lado tributário, de acordo com o vice-presidente de finanças e relações com investidores (CFO) do ABC Brasil, Sergio Borejo. Segundo ele, foi um dos três impactos do resultado de 2020, atingido ainda pelo reforço nas provisões para perdas e o impacto da redução dos juros básicos, a Selic. "A restrição no pagamento de juros sobre capital próprio (JCP) aumentou nossa carga tributária em 100 pontos base", disse

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