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Bancos preveem queda de até -0,5% do PIB em 2022 após resultados negativos na economia

Em relatório, instituições mencionam a inflação, inércia da economia e incerteza política como motivos para as projeções negativas

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Por Cicero Cotrim (Broadcast)
Atualização:

Os bancos JPMorgan, Credit Suisse e Haitong reduziram suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2021 e 2022 nesta sexta-feira, 12, dia em que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que os serviços recuam 0,6% em setembro após cinco meses de crescimento.

O Credit Suisse reduziu as suas projeções para o PIB deste ano de 5% para 4,8%; e o de 2022 de 0,6% para -0,5%. Em relatório, o banco afirma que a atividade vem sendo prejudicada por fatores de curto prazo, como a escassez de insumos para a indústria, mas também por problemas persistentes.

Terminal rodoviário em Brasília; serviços 0,6% em setembro de 2021 Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil - 8/10/2020

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"O atual alto nível de inflação provavelmente deve continuar elevado devido à alta inércia no País; o recente aperto de condições financeiras não deve recuar fortemente, dado que a taxa de juros vai crescer mais e o arcabouço fiscal foi recentemente enfraquecido; a incerteza em relação ao cenário político provavelmente vai continuar alta até que as eleições presidenciais sejam concluídas no próximo ano; e a perspectiva para mercados emergentes se tornou mais desafiadora com taxas de juros mais altas em países desenvolvidos", diz o relatório.

Já o Haitong reduziu as projeções de 4,9% para 4,2% neste ano; e de 0,5% para -0,3% para 2022. 

Após as quedas da produção industrial (-0,4%), varejo restrito (-1,3%) e serviços (0,6%) em setembro, o Haitong passou a ver contração do PIB já no terceiro trimestre (de 0,15% para -0,6%). Para o quarto trimestre, a projeção de crescimento foi reduzida de 0,3% para 0,1%.

"Alguns setores de serviços parecem estar perdendo força diante do enfraquecimento da atividade industrial e da inflação crescente", escreve Ross. "Neste momento, acreditamos que a chance de uma recessão técnica em 2021 é elevada."

O economista nota que o desempenho trimestral previsto deixaria carrego estatístico negativo de 0,24% para o PIB de 2022, compatível com um desempenho de queda de 0,75% do PIB a alta de 1,4%. "É importante ressaltar que os recentes desenvolvimento nos fronts político, fiscal e monetário elevaram significativamente a chance de uma recessão econômica em 2022", afirma.

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E o JPMorgan estima que o crescimento do PIB de 2021 será de 4,8%, e não mais de 5,0%. Para 2022, a estimativa de estabilidade (0,0%) do PIB foi mantida. 

Inflação e juros

O Haitong também elevou as suas estimativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2021 (de 9,20% para 10,40%) e 2022 (de 5,0% para 5,20%), este último já acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central (BC), de 5,0%. No relatório, o banco cita o aumento do dólar, preços de commodities mais altos e a deterioração de expectativas como vetores da revisão.

Para taxa Selic, o Haitong manteve a estimativa de aumento de 1,5 ponto porcentual em dezembro, a 9,25%. No fim do ciclo, o banco prevê aumento da taxa básica de juros a 11,0%.

Já o Credit Suisse acredita que, apesar da perspectiva de atividade enfraquecida em 2022, os modelos usados pelo banco indicam um IPCA em 2022 de 6,0% - acima do teto da meta, de 5,0%.