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Bancos privados aplaudem medidas do BC para estimular crédito

"As medidas são muito positivas", disse à Reuters o presidente-executivo do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco

Por ALUÍSIO ALVES
Atualização:
Trabuco calcula que só para o Bradesco essa medida vai liberar cerca de 6 bilhões de reais de recursos extras Foto: Alex Silva/Estadão

A redução em exigências em depósitos compulsórios e os menores requerimentos de capital para certas operações de financiamento anunciadas nesta sexta-feira pelo Banco Central foram recebidos com unânime aprovação pelos presidentes dos maiores bancos privados do país.

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As medidas, que têm potencial de injetar 45 bilhões de reais na economia, chegam num momento em que as operações de crédito se aproximam da menor expansão em 11 anos, em meio à frágil atividade econômica, baixa demanda por financiamentos e ao foco dos bancos em evitar o aumento da inadimplência.

"As medidas são muito positivas", disse à Reuters o presidente-executivo do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco. "Terão efeito sobre a percepção dos bancos."

Em comunicado, o presidente-executivo do Santander Brasil, Jesús Zabalza, afirmou que as mudanças devem estimular a ampliação do crédito. "Avaliamos que devem ter reflexos positivos sobre a atividade econômica", disse.

Bradesco e Santander Brasil abrem na próxima quarta-feira a temporada de divulgação de resultados do setor bancário brasileiro no segundo trimestre. Previsões preliminares de analistas apontam que os bancos privados devem mostrar nova rodada de crescimento fraco dos financiamentos.

Entre as medidas anunciadas pelo BC para tentar reverter esse quadro está a permissão para que até 50 por cento do recolhimento compulsório sobre depósito a prazo seja cumprido com novas operações de crédito e na compra de carteiras diversificadas (pessoas jurídicas e físicas).

Trabuco calcula que só para o Bradesco essa medida vai liberar cerca de 6 bilhões de reais de recursos extras, que poderão ser empregados na oferta de empréstimos.

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Noutra frente, o BC ajustou critérios de requerimento mínimo de capital para risco de crédito das operações de varejo, permitindo "alocação de capital mais compatível com o histórico de pagamentos da operação". O capital adicional requerido nas operações de crédito em função do prazo original de contratação passa a ser pelo prazo remanescente, isto é, até o vencimento.

"Para nós, essa flexibilização pode aumentar em pouco mais de 10 bilhões o crédito sem necessidade adicional de capital", disse Trabuco.

No mês passado, o BC reduziu de 13 para 12 por cento, sua previsão de aumento do crédito do sistema financeiro em 2014. A desaceleração é liderada pelos bancos privados, que vêm avançando em ritmo equivalente a cerca de metade da média de Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil.

"Vejo de forma positiva as iniciativas, pois criam condições de aumentar o crédito em alguns segmentos do mercado onde a liquidez estava menos folgada", afirmou o presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, em comunicado à imprensa.

Consultados, a Caixa e o Banco do Brasil não se pronunciaram. Reservadamente, uma fonte afirmou à Reuters que as medidas são positivas, mas que o impacto ainda está sendo analisado.

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