PUBLICIDADE

Bancos querem vender fatia na Eneva após aumento de capital

Com capitalização, BTG, Itaú BBA e Citi devem ficar com a maior participação na geradora de energia fundada por Eike Batista

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Os principais bancos credores da Eneva (antiga MPX), geradora de energia fundada por Eike Batista em recuperação judicial, devem ficar com a maior fatia na companhia após o aumento de capital previsto na reestruturação, que terá um passo importante hoje, quando a assembleia de credores deve aprovar o plano de reestruturação.O Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, apurou com duas fontes próximas às instituições que a intenção delas é vender as suas fatias para um interessado e se desfazerem dos papéis da empresa após a capitalização. Na prática, isso significará que a companhia pode ir para as mãos de um novo controlador.Atualmente, o grupo alemão E.ON e o empresário Eike Batista dividem o comando da Eneva, mas a tendência é que com o aumento de capital a empresa se torne uma "corporation" (companhia de capital disperso, na qual nenhum sócio possui fatia dominante). De acordo com uma das fontes, já há interessados no negócio."Como o conjunto de bancos terá mais 50% e as instituições não gostam de carregar participações vindas de conversão de capital por muito tempo, provavelmente, os bancos iniciarão um processo organizado de venda dessas participações", disse uma das fontes.A operação, no entanto, não deve ser concluída no curto prazo, uma vez que são necessárias as negociações entre possíveis interessados e os bancos, acrescentou a fonte, dizendo também que a tendência é que o comprador da participação dos três bancos seja um só.Maior fatia. O BTG Pactual tem a maior fatia da dívida das empresas em recuperação judicial (Eneva e a subsidiária Eneva Participações), com R$ 1,27 bilhão do total de cerca de R$ 2,3 bilhões. Outros grandes credores são o Itaú BBA e o Citi, com cerca de R$ 700 milhões e e R$ 350 milhões, respectivamente. Procuradas, as instituições e a Eneva não se pronunciaram.De acordo com uma das fontes, o BTG pretende iniciar a negociação das ações logo após a capitalização e deve ser seguido pelas outras instituições, o que acarretará na venda dos papéis em conjunto. Os bancos, no entanto, não assinaram nenhuma obrigação entre eles. "Os três (BTG, Itaú BBA e Citi) devem vender os porcentuais, que irá certamente superar 50%, de maneira conjunta, mas não há um acordo assinado em relação a isso", disse a pessoa.Os bancos ficarão obrigatoriamente com fatias na Eneva, uma vez que o plano de recuperação judicial prevê um "haircut" (desconto) da dívida de 20%, além da conversão de 40% da dívida em capital da companhia.Uma das controladoras da Eneva, a alemã E.ON, não teria interesse em injetar novos recursos na companhia e venderia junto com os bancos a sua participação, que será diluída, disse uma das fontes. Também procurada e questionada sobre a intenção de manter o controle, a alemã informou apenas que apoia o plano de recuperação judicial da Eneva, que irá a votação dos credores.A expectativa dos principais credores é de que o plano seja aprovado, após a assembleia ter sido suspensa no último dia 16. "Como um dos acionistas controladores (ao lado de Eike Batista), estamos ativamente engajados com a companhia para implementar os passos para a sua estabilização. Continuaremos trabalhando de forma construtiva com os outros acionistas", disse a empresa em nota. A E.ON já sinalizou que irá participar do aumento de capital com a contribuição de ativos, uma opção prevista no plano.A empresa alemã, disse uma das fontes, perdeu o interesse no negócio brasileiro, a Eneva. Um dos motivos é que teria adotado uma diretriz de não investir em energia a carvão, focando em fontes de energia limpa. O Broadcast também tentou contato com Eike Batista, mas não obteve retorno./ M.S.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.