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Bancos registram perdas com a crise; Google e IBM têm lucro

Citigroup passa de lucro para prejuízo de US$ 2,81 bilhões; Merrill Lynch perde US$ 5,1 bilhões no 3º trimestre

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Por Redação
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Os balanços de bancos e empresas divulgados nesta quinta-feira, 16, mostram que a crise financeira já atingiu grande parte das instituições norte-americanas. Citigroup, Merrill Lynch, NY Mellon e a fabricante de celulares finlandesa Nokia registraram perdas no 3º trimestre. As gigantes da tecnologia IBM e Google, porém, apresentaram resultados positivos no período.   Veja também: Consultor responde a dúvidas sobre crise   Como o mundo reage à crise  Entenda a disparada do dólar e seus efeitos Especialistas dão dicas de como agir no meio da crise A cronologia da crise financeira  Dicionário da crise    O Citigroup passou de lucro para prejuízo de US$ 2,81 bilhões (US$ 0,60 por ação) no terceiro trimestre deste ano, refletindo US$ 4,4 bilhões em baixas contábeis. No mesmo período do ano passado, a instituição havia tido lucro líquido de US$ 2,21 bilhões (US$ 0,44 por ação). O prejuízo é o quarto trimestral seguido. A receita caiu 23%, para US$ 16,68 bilhões. O prejuízo foi menor do que a estimativa de US$ 0,70 por ação feita por analistas consultados pela Thomson Reuters, mas a receita veio pior do que os US$ 19,62 bilhões esperados. No pré-mercado em Nova York, as ações do Citi subiam 5%, para US$ 17,05.   O banco atribuiu a receita reduzida ao "impacto de um ambiente econômico difícil e aos fracos mercados de capital". Os resultados mostram que o Citi - que já registrou mais de US$ 40 bilhões em baixas contábeis e outras perdas geradas pela crise hipotecária durante o ano passado - ainda está sendo prejudicada por ativos lastreados em hipotecas e pela crise do crédito. O banco cortou 11 mil empregos no último trimestre, cerca de 3% do total de funcionários, levando o total de demissões deste ano a 23 mil.   O Merrill Lynch registrou prejuízo líquido com operações continuadas de US$ 5,1 bilhões (US$ 5,56 por ação diluída), 112,5% maior do que as perdas de US$ 2,4 bilhões (US$ 2,99 por ação diluída). O prejuízo líquido foi US$ 5,2 bilhões (US$ 5,58 por ação diluída) no período, em comparação com o prejuízo de US$ 2,2 bilhões (US$ 2,82 por ação diluída) registrado no mesmo período do ano passado. Os analistas de Wall Street antecipavam prejuízo de US$ 5,26 por ação.   A instituição, que concordou em ser vendida ao Bank of America em setembro, gerou US$ 16 milhões em receita líquida no trimestre e US$ 5,7 bilhões em receita ajustada. A receita ajustada teve queda de 31% em relação ao mesmo período do ano passado, como resultado de uma variedade de baixas contábeis que foram parcialmente contrabalançadas por ganhos extraordinários. A receita prevista pelos analistas era de quase US$ 1,53 bilhão no terceiro trimestre. As informações são das agências internacionais.   Já o Bank of New York Mellon teve 54% de queda no lucro líquido do terceiro trimestre deste ano, em meio às altas provisões contra perda com crédito e a despesas com itens que incluem fusões e aquisições. O banco, formado em 2007 a partir da união entre o Bank of New York e o Mellon Financial, registrou lucro líquido de US$ 303 milhões (US$ 0,26 por ação), abaixo dos US$ 640 milhões (US$ 0,56 por ação) um ano antes. A receita subiu 0,6%, para US$ 3,63 bilhões.   O lucro veio abaixo do esperado pelos analistas ouvidos pela Thomson Reuters, que projetavam US$ 0,66 por ação, mas a receita ficou em linha com a previsão de US$ 3,7 bilhões. As provisões do banco contra perdas com crédito cresceram 20%, para US$ 30 milhões, de US$ 25 milhões no segundo trimestre deste ano.   Empresas   A International Business Machines Corp (IBM) informou que seu lucro cresceu 22% no terceiro trimestre, em linha com o pré-anúncio feito na semana passada com objetivo de acalmar os investidores. Contudo, a gigante do setor de tecnologia disse que houve uma desaceleração no crescimento da receita obtida no exterior no trimestre passado, que em outros trimestre ajudou a compensar a fraqueza na América do Norte.   A IBM disse que seu obteve um lucro operacional de US$ 2,8 bilhões (US$ 2,05 por ação) no terceiro trimestre, comparado com um lucro de US$ 2,4 bilhões (US$ 1,68 por ação) registrado em igual período do ano passado. A receita cresceu 5% para US$ 25,3 bilhões no terceiro trimestre. A receita do segmento software aumentou 12% para US$ 5,2 bilhões durante o período. Em grande medida, a indústria de tecnologia da informação vinha resistindo aos problemas do setor financeiro porque as empresas continuavam a investir. Contudo, com a intensificação dos temores de recessão, mesmos as grandes companhias estão reduzindo gastos, conduzindo ao declínio nos novos contratos. Os contratos de novos serviços da IBM caíram 4% para US$ 12,7 bilhões no terceiro trimestre, mas ainda assim ficaram acima do esperado. O BMO Capital Markets disse que esperava uma queda de 7%.   O portal de busca na internet Google Inc informou que seu lucro líquido cresceu 26% no terceiro trimestre, refletindo o aumento na receita nos cliques pagos nos EUA em comparação com igual período de 2007. A companhia com sede em Mountain View (Califórnia) disse que registrou um lucro líquido de US$ 1,35 bilhão (US$ 4,24 por ação) no terceiro trimestre, de um lucro de US$ 1,07 bilhão (US$ 3,38 por ação) registrado em igual período do ano passado. Excluindo custos de opções de ações e outros itens, o Google disse que o lucro do terceiro trimestre sobe para US$ 4,63 por ação.   A receita cresceu 31% para US$ 5,54 bilhões no terceiro trimestre, de US$ 4,23 bilhões registrados no terceiro trimestre de 2007 e aumentou 3% em relação ao resultado do segundo trimestre, que foi de US$ 5,37 bilhões. Os custos com aquisição de tráfego, ou comissões pagas aos parceiros de marketing, somaram US$ 1,5 bilhão. A receita líquida subiu para US$ 4,04 bilhão no terceiro trimestre.   A finlandesa Nokia foi a única entre as três empresas que divulgou um resultado negativo nesta quinta. A companhia teve queda de 30% no lucro líquido do terceiro trimestre deste ano, para 1,09 bilhão de euros (US$ 1,46 bilhão), de 1,56 bilhão no mesmo período do ano passado, prejudicada pela desaceleração da economia global e pela intensa concorrência que pesaram sobre as vendas da empresa. Os ganhos por ação no período foram de 0,29 euro (US$ 0,38), em comparação com 0,40 euro do mesmo trimestre de 2007. Os resultados ficaram abaixo da expectativa dos analistas, que era de lucro de 1,17 bilhão de euros.   A participação de mercado da Nokia caiu de 40% no segundo trimestre para 38% terceiro, em linha com o alerta dado pela empresa em setembro. Nas mesmas bases de comparação, os embarques de aparelhos caíram 3%, para 117,8 milhões de unidades, ante 122 milhões de aparelhos. Em relação ao terceiro trimestre de 2007, no entanto, os embarques cresceram 5%.   Apesar dos resultados ruins, o executivo-chefe da Nokia, Olli-Pekka Kallasvuo, afirmou que a empresa foi capaz de alcançar sólidas margens e fluxo de caixa operacional de 1,3 bilhão de euros (US$ 1,74 bilhão) no terceiro trimestre, "como resultado da forte posição de administração operacional e de mercado" da empresa.

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