19 de agosto de 2015 | 02h01
Diversos bancos suspenderam a oferta de crédito consignado (com desconto em folha de pagamento) aos servidores públicos federais após a divulgação de suspeita do envolvimento da Consist Software, empresa responsável pela gestão do sistema que autoriza os pagamentos, na Operação Lava Jato. Dentre as instituições que teriam paralisado a oferta, conforme fontes, estão Itaú Unibanco/BMG, Bonsucesso (Santander), Pan (ex-Panamericano) e BGN (Cetelem, BNP Paribas).
Os bancos já estavam limitando a oferta de consignado a servidores públicos federais há cerca de uma semana, segundo uma fonte. A partir do meio-dia de ontem, suspenderam as concessões por tempo indeterminado. O último a paralisar a oferta teria sido o Bonsucesso, que tem parceria com o Santander nessa modalidade de crédito. Procurados, os bancos mencionados acima não confirmaram a suspensão dos empréstimos até o fechamento desta edição.
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O Bradesco também havia sido identificado como um dos bancos que suspenderam os financiamentos, mas o diretor gerente e de relações com investidores do banco, Luiz Carlos Angelotti, negou a informação. "O banco trabalha normalmente com esse setor, jamais vai interromper essas linhas. Não tem nada nesse sentido", disse.
A Consist Software está sob suspeita da Operação Pixuleco II, 18.ª fase da Operação Lava Jato. A empresa foi contratada pelo Sindicato Nacional das Entidades Abertas de Previdência Complementar (Sinapp) e pela Associação Brasileira de Bancos (ABBC), após essas entidades firmarem acordo de cooperação com o Ministério do Planejamento, em 2009. A Consist é responsável pelo repasse aos bancos das informações da associação sobre autorizações para tomada de crédito consignado.
O Ministério do Planejamento informou no último dia 13 que vai rescindir em trinta dias o acordo de cooperação. O governo também já abriu sindicância para investigar possíveis irregularidades no acordo. "Não há relação entre o ministério e a Consist, uma vez que o Acordo Técnico de Cooperação foi firmado entre o MP e as entidades Sinapp e ABBC", afirmou o Ministério do Planejamento.
A ABBC já havia sinalizado o possível rompimento do contrato. Anteontem, a entidade disse ter notificado a Consist e pedido esclarecimentos sobre os fatos, "com vistas ao início do processo de rescisão contratual".
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