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Banespa: minoritários não serão favorecidos

Analista do JP Morgan diz que o ágio pago pelo Santander pelo Banespa não trará boas perspectivas para os minoritários do Banespa. O banco espanhol deverá oferecer preço baixo na recompra dos papéis se ocorrer fechamento de capital.

Por Agencia Estado
Atualização:

O elevado ágio pago pelo Santander na compra do controle do Banespa no leilão de privatização foi motivo de comemoração pelo governo, mas deverá trazer perspectivas nada animadoras para os acionistas minoritários do Banespa, segundo o analista de bancos do J.P. Morgan, Beltran Estrada. "Como o Santander pagou um preço muito alto no leilão pelo controle, o banco espanhol deverá fazer uma oferta baixa para quem detém ações do Banespa como forma de reduzir o custo total de aquisição do Banespa", afirmou Estrada. Segundo ele, o próximo passo do Santander será o de retirar do mercado as ações do Banespa, ou seja, fechar o capital do banco na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). O analista explicou que o Santander terá de fazer, provavelmente, uma emissão primária de ações na Espanha para trocar suas ações com quem detém os papéis do Banespa. E, em razão do ágio de 281% pago no leilão, a probabilidade de essa relação de troca ser desfavorável aos minoritários do Banespa é muito grande. "Na minha opinião, os acionistas minoritários não deverão receber nenhum ágio sobre o valor atual do mercado das ações do Banespa como proposta do Santander numa eventual troca de ações", disse Estrada. O governo vendeu hoje cerca de 60% do capital votante, o equivalente a 30% do capital total, restando em circulação no mercado cerca de 70% do capital total. Estrada considerou muito elevado o preço pago pelo Santander pelo controle do Banespa. "Estávamos estimando um valor justo pelo controle até o máximo de R$ 4 bilhões", afirmou. Para o analista, apesar de aumentar de tamanho e ganhar considerável fatia de mercado, o Santander levará pelo menos um ano para competir em pé de igualdade com o Bradesco, Itaú e Unibanco. "Vai demorar um tempo até eles arrumarem a casa. Não sabemos qual é a qualidade dos ativos que eles compraram e também para ajustar a estrutura do Banespa, com demissões de funcionários, eles vão enfrentar grande oposição política de sindicatos e partidos políticos, especialmente sendo um banco estrangeiro", disse.

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