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Banqueiro Moise Safra morre aos 79

Libanês naturalizado brasileiro foi um dos fundadores do Banco Safra e adquiriu em 2013 um dos prédios mais cobiçados de Nova York

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Por Redação
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Morreu na noite de sábado o banqueiro Moise Safra, aos 79 anos. O empresário sofria de Mal de Parkinson e estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Ele foi enterrado ontem, ao meio-dia, no cemitério Israelita, no Butantã. Moise era casado com Chella Cohen Safra e deixa cinco filhos. Nascido no Líbano e com negócios em várias partes do mundo, Moise tornou-se conhecido como um dos banqueiros mais importantes e bem-sucedidos do Brasil, o país que os Safras escolheram como pátria. "Moise foi um dos mais respeitados nomes do mundo das finanças nacional e internacional. Acreditou e investiu no Brasil, representando a melhor tradição do setor bancário brasileiro. Nós nos conhecíamos de longa data. Lamentamos muito sua perda", disse Lázaro de Mello Brandão, presidente do conselho de administração do Bradesco. Tradição. A família Safra tem uma longa tradição no mundo das finanças globais. Seu ponto de partida foi o Oriente Médio. Já no século 19, fundou em Alepo, na Síria, o Safra Frères & Cie. A casa financeira, instalada numa secular rota comercial, dedicava-se a fazer empréstimos e operações de câmbio e com metais preciosos, em especial o ouro. Em pouco tempo, se expandiu para outras localidades, como Alexandria, Istambul e Beirute. Em 1920, Jacob, pai de Moise, fundou o Jacob Safra Maison de Banque, em Beirute, no Líbano. Nos anos 50, porém, Jacob mudou-se para o Brasil acompanhado dos filhos. Três deles, Edmond, Joseph e Moise participaram da fundação do Banco Safra. Moise permaneceu como um dos proprietários até 2006, quando vendeu a sua parte a Joseph. Voltado a clientes de alta renda e a empresas, o Banco Safra hoje tem mais de 100 agências no Brasil e está entre os 10 maiores bancos do País. Moise Safra também fundou, em 1998, em São Paulo e Nova York, a M. Safra & Co, primeira empresa de gestão de recursos totalmente independente dos bancos da família. Inicialmente, dedicou-se a gerir recursos de parte da família, depois passou a atuar também na gestão de recursos de carteiras e fundos de investimentos a terceiros. Desde 1999, seu principal executivo é Ezra Moise Safra, filho de Moise, conhecido no mercado pelo apelido de Azuri Safra. "Moise foi um pai, marido, avô, além de líder familiar e comunitário, que transmitiu bondade e ensinamentos ao longo de sua vida. Grande perda para todos nós", disse David Feffer, presidente do Conselho da Suzano Holding. Em junho do ano passado, Moise Safra fez seu último grande negócio. Participou da compra de um dos prédios mais luxuosos de Nova York. Em parceria com a empresária chinesa Zhang Xin, o empresário adquiriu 40% do edifício da General Motors, em Manhattan. Na época, o Wall Street Journal estimou que o negócio havia sido fechado por US$ 700 milhões, excluindo as dívidas. A fatia foi adquirida de fundos soberanos do Oriente Médio. Os 60% restantes pertencem ao Boston Properties, grupo controlador do edifício. Entre os ocupantes do edifício estão a companhia de cosméticos francesa Estée Lauder Cos e o renomado escritório de advocacia Weil Gotshal & Manges. "Foi com grande pesar que recebemos a notícia do falecimento de Moise Safra. Ele deixa um legado importante para o sistema financeiro nacional e internacional", afirmou Roberto Setubal, presidente do Itaú Unibanco. Social. De acordo com a revista Forbes, Moise era o 23º brasileiro mais rico no ano passado, com um patrimônio estimado em US$ 2,2 bilhões. No universo da assistência social, seus amigos dizem que não há como medir o tamanho de seu legado. Era conhecido por fazer doações regulares a iniciativas sociais, museus e organizações não governamentais no Brasil e em outros países, entre eles Estados Unidos e Israel. "Moise foi um homem bom e justo, discreto em seus atos e um grande filantropo. Foi um dos principais banqueiros dos sistemas financeiros nacional e internacional, tendo inspirado toda uma geração com a sua visão estratégica", afirmou o presidente do Deutsche Bank na América Latina, Bernardo Parnes, amigo da família. / ALEXA SALOMÃO e LUIZ GUILHERME GERBELLI

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