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Barreiras argentinas não surpreendem Brasil, diz diplomata

Governo reeditará medida contra importação de fogões e geladeiras brasileiros

Por Agencia Estado
Atualização:

As novas barreiras argentinas contra fogões e geladeiras brasileiras "não surpreenderam" o governo brasileiro, segundo fonte diplomática em Buenos Aires. O decreto de 28 de dezembro, que reedita o mecanismo de licença não automática para a importação argentina de geladeiras e fogões do Brasil, "já era previsto porque as Resoluções 177 e 444, de 2004, criaram a base legal para o processo de aplicação destas barreiras quando não houver acordo entre os setores privados de ambos os países", explicou a fonte. As medidas serão questionadas nesta segunda-feira pelo secretário-executivo do ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Ivan Ramalho, durante reunião de monitoramento do comércio bilateral, com o secretário de Indústria da Argentina, Miguel Peirano, em Buenos Aires. Fonte da secretaria de Indústria admitiu que a medida visa forçar os fabricantes brasileiros a negociar com os argentinos. Durante 2006, os argentinos tentaram negociar com o Brasil um acordo de restrição voluntária, mas sem sucesso. Os brasileiros se negaram a sentar à mesa de negociação. O próprio ministro de Indústria, Luiz Furlam, em visita à Argentina em 2006, transmitiu ao governo de Nestor Kirchner que as restrições voluntárias já não eram necessárias por parte do Brasil. Segundo ele, a indústria argentina já se recuperou e não necessita mais da ajuda brasileira, que aceitou essas restrições durante 2004 e 2005. No entanto, a Federação de Artigos para o Lar da Argentina (Fedehogar) não pensa como o ministro brasileiro e tentou prorrogar essas restrições durante todo o ano passado. Na ausência de um acordo entre as partes, a secretaria de Indústria cedeu às pressões dos fabricantes locais e reeditou as barreiras. A licença não-automática de importação é um mecanismo que atrasa os prazos para a entrada dos produtos no mercado argentino. Desde a entrada em vigor da medida, as empresas brasileiras conseguiram exportar apenas 6,6 mil geladeiras para a Argentina no mês passado. Para se ter uma idéia do prejuízo para os exportadores brasileiros, em janeiro do ano passado, eles venderam 27,8 mil unidades. O assunto será um dos principais temas da reunião desta segunda-feira. A negociadora da Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Maria Tereza Bustamante, vai participar da reunião para reiterar a posição do setor privado brasileiro de não aceitar novas restrições. A Eletros argumenta que em 2006, além da produção de eletrodomésticos da Argentina ter aumentado quase 30%, o país compra geladeiras e fogões do México e da Ásia em lugar de comprar do Brasil.

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