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Barreiras dividem Cúpula do Mercosul

Evento será marcado pelas reclamações do Uruguai e do Paraguai contra Brasil e Argentina e também vai avaliar a entrada de novos sócios

Por ARIEL PALACIOS e MONTEVIDÉU
Atualização:

Embalada pelo clima de preocupação pelos efeitos da crise internacional na América do Sul, a Cúpula do Mercosul que começará hoje em Montevidéu será marcada por uma série de reclamações dos sócios "pequenos" do bloco: Uruguai e Paraguai. Eles protestam contra as persistentes barreiras protecionistas aplicadas pelo Brasil e a Argentina.O governo de José "Pepe" Mujica, anfitrião desta cúpula presidencial, alertará os países sócios a melhorar as condições de acesso aos mercados dos parceiros do Cone Sul. Recentemente o presidente Mujica ironizou o estado do bloco: "O Mercosul anda mal... embora a União Europeia esteja pior". Enquanto tentam resolver os conflitos comerciais internos do bloco, a cúpula terá como um dos pontos principais da agenda os pedidos do Equador e da Bolívia, atualmente estados associados, para se tornarem "estados sócios". De quebra, os presidentes do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai analisariam uma forma de driblar as normas atuais do Mercosul para concretizar a entrada da Venezuela no bloco, solicitada há mais de meia década e ainda não realizada.A equipe econômica de Mujica reclama de problemas para exportar ao mercado brasileiro uma série de produtos, entre os quais têxteis e autopeças. Simultaneamente, reclama das barreiras que complicam o envio de livros, louça sanitária, madeira e plásticos para o mercado argentino.O outro sócio "pequeno", o Paraguai, insistirá que a presidente Cristina Kirchner permita construir uma linha de transmissão elétrica passando pela província argentina de Corrientes para abastecer o Uruguai com energia produzida pela Hidrelétrica de Yaciretá (binacional argentino-paraguaia, sobre o Rio Paraná).O Paraguai insiste na necessidade de vender energia elétrica mais além de seus tradicionais parceiros na área, o Brasil e a Argentina, com os quais possui hidrelétricas binacionais.Preocupados com a crise internacional, os ministros dos países do Mercosul também analisariam a eventual - e transitória - elevação da Tarifa Externa Comum do bloco para uma série de produtos denominados de "sensíveis" dos países sócios.O Uruguai também pretende obter dos sócios "grandes" o compromisso do Mercosul de acelerar acordos de livre comércio com outros países. Caso isso não seja possível, o governo uruguaio ambiciona que o bloco autorize cada um de seus sócios a realizar acordos de livre comércio fora do Mercosul. No passado, o Uruguai conseguiu licença para realizar um acordo desse gênero com o México. A intenção é obter a permissão para acordos similares com o Canadá e a Coreia do Sul. Os diplomatas uruguaios sustentam que a assinatura de acordos de livre comércio bilaterais entre seu país e outros fora do bloco permitiria uma "via de escape" para as dificuldades constantes para a entrada dos produtos do Uruguai na Argentina e no Brasil. Novos sócios. No fim de semana o presidente do Equador, Rafael Correa, anunciou que está estudando seriamente solicitar a entrada de seu país no Mercosul. Correa, que desembarca em Montevidéu hoje à noite, disse que o Equador é atualmente um Estado associado. Mas indicou que há maiores vantagens em ser um Estado sócio do bloco. Correa afirmou que a visão internacional do Mercosul é muito similar à do Equador e ressaltou que o bloco do Cone Sul convidou seu país a formar parte dessa entidade regional. Ele destaca que, com a eventual entrada do Equador, o Mercosul teria acesso ao Oceano Pacífico. Esta será a primeira vez que Correa participa formalmente de uma reunião de cúpula do Mercosul.Nesta cúpula, o Mercosul formalizará um acordo comercial com a Palestina. Este pacto seria o primeiro que a Palestina realizaria com um bloco comercial.

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