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Bayer do Brasil deve ultrapassar a da China

Com foco em sementes e medicamentos, filial brasileira pode ser a 3ª maior em 2016

Por Monica Scaramuzzo
Atualização:

A Bayer vai concentrar seus investimentos no Brasil nas áreas de agronegócios e farmacêutica, com investimentos que somam neste ano R$ 213 milhões, um crescimento de 10% em relação ao ano anterior. A decisão do grupo alemão de separar a divisão química dos demais negócios da companhia vai abrir mais espaço para o grupo se dedicar à expansão da área de sementes, sobretudo de grãos, e de medicamentos.

"A despeito do movimento de desaceleração da economia, temos confiança nos negócios do Brasil", afirmou ao

Estado

o presidente da companhia no Brasil, Theo van der Loo. O País deve se tornar no próximo ano o terceiro maior faturamento da Bayer - atualmente é o quarto -, com o desmembramento da divisão química.

A empresa anunciou no ano passado que faria a separação dos negócios químicos, criando uma nova empresa, que deverá ser listada em bolsa, abrindo espaço para a saída da Bayer desse segmento. O nome dessa nova empresa será divulgado no início da próxima semana e a separação total dos negócios será efetivada em setembro.

"O setor químico vive um momento delicado no Brasil, de falta de competitividade. Só ficam os que possuem escala", disse uma fonte ao

Estado

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(ver box ao lado).

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No ano passado, a Bayer registrou faturamento total de R$ 8,3 bilhões, um aumento de 18% em relação ao ano anterior. A divisão de agronegócios (CropScience) respondeu por 66% do volume de negócio do grupo no País, com receita de R$ 5,45 bilhões, elevação de 24% nas vendas. O segmento farmacêutico obteve faturamento de R$ 1,87 bilhão, alta de 14% ante 2014. Já o negócio de plásticos decresceu 2%, para R$ 961 milhões.

O grupo alemão definiu como estratégia se dedicar aos negócios denominados "ciência da vida", desvinculando-se de sua divisão química, que já não correspondia mais às expectativas da empresa. No Brasil, a companhia tem uma fábrica química em Belford Roxo (RJ).

Com o desmembramento desse negócio, o Brasil passará a ter maior importância no faturamento global da empresa. Em 2013, o País passou a ser a quarta maior subsidiária da empresa e a expectativa é de que em 2016 se torne a terceira maior em vendas, atrás dos Estados Unidos e Alemanha.

A China hoje é a terceira maior, mas porque os negócios químicos têm uma relevância maior naquele país.

Agronegócios.

Do total dos investimentos previstos para este ano, boa parte será destinada para a expansão do negócio de semente da companhia. A empresa, que é uma das maiores em defensivos agrícolas no País, ainda precisa de escala para disputar esse mercado com gigantes, como Monsanto, que fez recente oferta hostil para comprar a Syngenta, outra gigante do setor, e da Pionner (DuPont). Há cinco anos, o grupo passou a fazer aquisições no Brasil e na Argentina para avançar em sementes agrícolas. O

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Em 2010, comprou a empresa CVR, de Rio Verde (GO), e no ano seguinte a Soytech, também de Goiás, ambas com amplo banco de dados na área de sementes de soja. Em março de 2013, adquiriu o banco de germoplasma da Agropastoril Melhoramento, de Cascavel (PR), e a empresa de soja e melhoramento genético Wehrtec, de Goiás. Em dezembro do mesmo ano, anunciou a compra da FN Semillas, da Argentina, empresa especializada no desenvolvimento e produção de sementes melhoradas de soja.

Os investimentos anunciados contemplam expansão orgânica. No entanto, aquisições não estão descartadas.

Medicamentos.

Na área farmacêutica, a Bayer, dona da Aspirina, está reforçando os negócios no País na área de bens de consumo. "Essa divisão de negócio tem crescido mais de 25% ao ano", disse Loo. No ano passado, o grupo alemão anunciou a aquisição da unidade de bens de consumo da Merck, por US$ 14,2 bilhões, que tem entre outras marcas, o bloqueador solar Coppertone. Com essa transação, tornou-se a segunda maior fabricante de medicamentos sem prescrição do mundo, atrás da Johnson & Johnson.

A estratégia é também avançar em medicamentos inovadores, uma vez que não se rendeu aos genéricos. A aposta do grupo está centrada em cinco medicamentos inovadores, como Xarelto (anticoagulante), Eylia (para edema macular diabético), Stivarga (combate câncer de colo, colorretal e reto), Xofigo (para câncer de próstata com metástase óssea)) e Adempas (para tromboembolismo pulmonar crônico). Esses cinco produtos têm potencial de vendas globais de 7,5 bilhões.

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