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BB compra 50% do Votorantim por R$ 4,2 bilhões

Mantega afirmou que aquisição amplia a competição no sistema financeiro e pode ajudar a baixar juros

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Por Fabio Graner e Adriana Fernandes
Atualização:

Ao anunciar a operação de compra de 50% do banco Votorantim pelo Banco do Brasil (BB), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que ela fortalece o banco federal e com isso aumenta a competição no sistema financeiro. Isso, em tese, ajudaria no processo de redução dos juros. No negócio anunciado ontem, o BB vai pagar R$ 4,2 bilhões para ser dono de 49,99% do capital votante do Banco Votorantim e de 50,01% das ações sem direito a voto. Com a operação, os ativos totais do BB passam dos atuais R$ 512,4 bilhões para R$ 553,3 bilhões, aproximando-se de forma significativa dos R$ 575 bilhões do recém-criado Itaú-Unibanco, que tomou a liderança histórica do BB. As negociações duraram três meses, segundo informou José Ermírio de Morais Neto, um dos sócios do Votorantim. "Essa associação fortalece o sistema financeiro brasileiro. Faz com que o BB fique muito próximo do Itaú-Unibanco. Isso fomenta a competição no mercado financeiro", disse Mantega, que em seguida deu um recado direto para o presidente do BB, Antônio Francisco de Lima Neto, e para Moraes Neto: "Temos o desafio de reduzir as taxas de juros, reduzir o custo financeiro do País. Estou aqui falando com dois banqueiros, responsáveis por uma parte importante do financiamento". Apesar disso, Mantega afirmou que o BB sempre atua e atuará com taxas de mercado, pois é uma instituição de capital aberto. "Mas eu estimulo o BB e todos os bancos a trabalharem com taxas cada vez menores porque, senão, o País não vai crescer", afirmou. Para o vice-presidente de finanças do BB, Aldo Luiz Mendes, o foco do BB com a operação é principalmente o crescimento do mercado de crédito para pessoa física. "O Votorantim tem a melhor financeira do mercado. Hoje os bancos comerciais precisam ter canais alternativos e isso significa ter uma financeira como parceira", afirmou. O presidente do BB, Lima Neto, ressaltou que o negócio com o Votorantim é totalmente diferente daquele fechado com o governo de São Paulo para a aquisição da Nossa Caixa. Enquanto no caso do banco do governo paulista o BB se tornou controlador, com o Votorantim trata-se de uma parceria com gestão estratégica compartilhada. "Todas as decisões serão consensuais. Não haverá voto de qualidade. O BB terá participação relevante no Votorantim." Mantega destacou que o negócio não representa uma "estatização" do Votorantim, que continua um banco privado de capital fechado, ou seja, sem ações negociadas em mercado. Também refutou a análise de que a operação seria uma tentativa de salvar uma instituição com dificuldades financeiras por conta da crise internacional. Com a operação, o Grupo Votorantim, um dos maiores conglomerados nacionais, vai receber uma injeção de R$ 3,75 bilhões. No ano passado, o grupo foi abalado perda de R$ 2,2 bilhões em operações cambiais de alto risco no auge da crise financeira.

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