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Banco do Brasil compra R$ 5 bi em debêntures de sócios do Bradesco

Emissão de debêntures foi estruturada para fazer frente ao aumento de capital do Bradesco, de R$ 3 bilhões, que está em andamento

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Por Aline Bronzati (Broadcast)
Atualização:
A operação foi fechada com taxa de retorno de 108% do Certificado de Depósito Interbancário Foto: Daniel Teixeira/Estadão

SÃO PAULO - O Banco do Brasil investiu R$ 5 bilhões em debêntures emitidas pela NCF Participações, empresa controlada por acionistas do Bradesco, segundo apurou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. Segundo fontes, a emissão das debêntures - que são títulos de dívida que devem ser pagos, com juros, por quem os emitiu - foi estruturada para fazer frente ao aumento de capital do Bradesco, de R$ 3 bilhões, que está em andamento.

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A operação foi fechada com taxa de retorno de 108% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI, a taxa de referência para as operações do sistema financeiro). Uma das fontes ouvidas pela reportagem atenta para o custo "atrativo" da captação da NCF Participações, que seria usada para acompanhar o aumento de capital do banco. "A taxa de 108% do CDI é muito baixa para uma captação de prazo de cinco anos", diz.

Outra fonte, porém, lembra que o preço varia conforme o risco do cliente e o prazo da operação. Procurado, o BB informou que pratica taxas de mercado e que outras informações sobre a operação estão protegidas sob sigilo comercial. O Bradesco não comentou.

O aumento de capital de R$ 3 bilhões a ser realizado com os recursos da emissão de debêntures da NCF, segundo as mesmas fontes, seria um reforço, já que o Bradesco terá de desembolsar US$ 5,7 bilhões para adquirir o HSBC, cuja transação foi aprovada ontem pelo Banco Central. Após incorporá-lo, o banco verá seu índice de Basileia total - que mede quanto um banco pode emprestar sem comprometer o seu capital - cair. Na época do anúncio da compra, em agosto último, o Bradesco informou que seu indicador cairia de 16% para 13,5%. Ao final de setembro, porém, esse índice já estava em 14,5%. O mínimo exigido pelo BC é de 11%.

Quando anunciou o aumento de capital, em novembro, o Bradesco justificou que a transação visava a "reforçar a capitalização do banco frente aos seus investimentos e evolução crescente de suas atividades, gerando flexibilidade para posicionamento estratégico perante as oportunidades de mercado". Após o aumento de R$ 3 bilhões, seu capital social passará de R$ 43,1 bilhões para R$ 46,1 bilhões.

Em paralelo, o Bradesco aprovou o pagamento de R$ 4,054 bilhões em juros sobre o capital próprio aos seus acionistas, oferecendo um desconto de 20%, conforme lembra o banco Credit Suisse, em relatório, para que reinvistam esses recursos no aumento de capital.

Uma fonte diz, porém, que os acionistas minoritários tendem a não acompanhar a subscrição de novas ações, restando aos controladores fazer frente aos R$ 3 bilhões. E, por isso, a captação de recursos via a NCF seria necessária. A NCF possui 8,20% das ações ordinárias (com direito a voto) do Bradesco e 2,18% das ações preferenciais (sem direito a voto).

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Autorizações. Aprovada pelo Banco Central, a aquisição do HSBC pelo Bradesco depende ainda do aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Superintendência de Seguros Privados (Susep). A primeira autorização ocorreu exatos cinco meses após o anúncio da operação, feito em agosto.

A expectativa do Bradesco, conforme já havia informado o presidente do banco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, era de que a aprovação dos reguladores para a compra do HSBC ocorresse ainda no primeiro trimestre deste ano.

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