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BB, Itaú, Bradesco, Caixa e Santander concentram 80,7% do crédito no País

Segundo relatório do Banco Central, no entanto, há sinais de 'aumento de competição bancária e redução de custos de crédito de outros serviços financeiros'

Por Fabrício de Castro
Atualização:

BRASÍLIA - As cinco maiores instituições financeiras do Brasil – Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco, Caixa Econômica Federal e Santander – concentram 80,7% das operações de crédito no País no segmento bancário, conforme dados divulgados nesta quinta-feira, 4, no Relatório de Economia Bancária (REB), do Banco Central (BC). Os números referem-se ao mês de dezembro de 2019. Em 2018, o porcentual era de 82,2%.

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Essas cinco instituições concentram 79,2% dos ativos totais e 82,3% dos depósitos. Em 2018, os porcentuais eram de 79,5% e 82,8%, respectivamente.

No relatório, o BC avaliou que os indicadores de concorrência mantiveram "tendência de queda" iniciada em meados de 2017, sinalizando um "ambiente de aumento da competição bancária e redução de custos de crédito e de outros serviços financeiros".

"É importante também ressaltar que, nos doze meses encerrados em dezembro de 2019, houve redução do custo médio de captação, acompanhada de redução dos preços das novas operações de concessão de crédito, notadamente nas operações com pessoas jurídicas", acrescentou.

Os cinco maiores bancos do País. Foto: Montagem Estadão

O documento mostra que o Índice de Herfindahl-Hirschman normalizado (IHHn), utilizado como instrumento na avaliação de níveis de concentração econômica, fechou o ano de 2019 em 0,1308 no segmento bancário no caso de ativos totais. Em 2018, ele estava em 0,1334.

Em depósito total, o índice atingiu 0,1419 no fim do ano passado, ante 0,1447. Já o IHHn relacionado a operações de crédito do segmento bancário atingiu os 0,1427, ante 0,1530.

O Banco Central considera mercados que registram valores para o IHHn situados entre 0 e 0,1000 como de “baixa concentração”. Entre 0,1000 e 0,1800, como no Brasil, ocorre “moderada concentração”. De 0,1800 a 1, o mercado é de “elevada concentração”.

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Rentabilidade sobe e lucro bate recorde

A rentabilidade dos bancos brasileiros subiu no ano de 2019 e o lucro das instituições financeiras bateu novo recorde, segundo informações divulgadas do BC.

O chamado retorno sobre o patrimônio líquido do sistema bancário nacional alcançou 16,5% em dezembro do ano passado, contra 14,8% no fechamento de 2018, e retornou a patamares registrados em 2011.

No caso dos bancos de grande e médio portes, a rentabilidade foi maior ainda, atingindo 18,8% no final do ano passado. "Isso se deve, provavelmente, aos maiores ganhos de escala e diversificação, que permitem aos bancos grandes e médios captarem recursos com menor custo", informou o BC.

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"A recuperação do ambiente econômico e a melhora da percepção de risco observada até final de 2019 criaram condições favoráveis para o crescimento da rentabilidade do sistema bancário ao longo do ano", informou o Banco Central.

De acordo com a instituição, o aumento da rentabilidade dos bancos decorreu principalmente da retomada do crédito, com alteração da composição das carteiras para segmentos mais rentáveis (PF e PME), que "implicaram aumento no valor do resultado de crédito bruto do setor bancário".

Além disso, acrescentou o BC, outro "fator importante" para a evolução da rentabilidade foi o aumento das receitas de serviços, que contou principalmente com o crescimento das rendas de mercado de capitais (colocação de títulos e corretagens).

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De acordo com dados do BC, a rentabilidade do sistema bancário brasileiro está entre as maiores do mundo. O indicador brasileiro ficou abaixo, em 2019, da Argentina, do México e do Canadá, mas superou grande parte dos países desenvolvidos - como Estados Unidos, Itália, Reino Unido e Japão.

De acordo com o relatório do BC, o lucro líquido dos bancos se aproximou dos R$ 118 bilhões e bateu novo recorde no ano passado. A série histórica do Banco Central para este indicador começa em 1994.

O aumento da rentabilidade e do lucro dos bancos brasileiros acontece em um cenário de juros bancários elevados. Apesar de a taxa básica da economia, a Selic, estar no menor patamar da história (3% ao ano), as instituições financeiras ainda cobram taxas elevadas.

Apesar de a taxa básica de juros da economia brasileira ter recuado 6,5% ao ano no fim de 2018 para 4,5% ao ano no fechamento de 2019 – uma queda de dois pontos percentuais -, os juros bancários médios recuaram 1,6 ponto percentual no ano passado. Ou seja, as instituições não repassaram toda a queda da taxa Selic registrada no último ano.

Em algumas linhas de crédito, como cartão de crédito rotativo e no cheque especial das pessoas físicas, os juros bancários médios fecharam 2019 acima de 300% ao ano. Neste ano, o juro do cheque especial recuou para 119,3% ao ano (6,8% ao mês) em abril depois que o Banco Central impôs limite para essa taxa.

Dados do BC mostram que os cinco maiores conglomerados bancários do país detinham, no fim de 2019, 83,7% do mercado de crédito e com 83,4% dos depósitos totais. Os cálculos englobam bancos comerciais, bancos múltiplos com carteira comercial e as caixas econômicas.