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BB pode reduzir dividendos para pagar Nossa Caixa

Segundo analistas, instituição pode diminuir distribuição como forma de aliviar efeito do desembolso

Por Ana Paula Ribeiro e da Agência Estado
Atualização:

O pagamento pela Nossa Caixa em dinheiro deverá fazer com que o Banco do Brasil reduza a distribuição de dividendos a seus acionistas como forma de aliviar o efeito que o novo desembolso terá sobre a capitalização da instituição, segundo analistas consultados pela Agência Estado. "É possível que o Banco do Brasil reduza o nível de pagamento de dividendos para aliviar a pressão sobre o índice de Basiléia do banco", segundo relatório do UBS Pactual. Os dividendos representam a parcela do lucro da empresa ou da instituição financeira distribuída aos acionistas. Veja também: BB diz que não haverá demissões de funcionários da Nossa Caixa Bancários se reúnem com BB nesta sexta em Brasília BB e governo de SP fecham acordo sobre venda da Nossa Caixa BB deve fechar 30 agências, entre próprias e da Nossa Caixa Ação da Nossa Caixa sobe mais de 80% com interesse do BB Governo age por vaidade, diz associação de minoritários do BB O índice de Basiléia mede a capacidade de alavancagem de uma instituição financeira, ou seja, quanto um banco pode emprestar em relação à sua posição de capital. No Brasil, o índice mínimo exigido pelo Banco Central é de 11% do patrimônio de referência. Os dados do BB referentes a setembro de 2008 apontam para um índice de 13,6%. No entanto, o estimado para após a incorporação é de 12,8% e o pagamento em dinheiro ao Estado de São Paulo pode reduzir ainda mais essa relação. A avaliação geral é que o valor da operação, que fará com que o banco público federal desembolse ao todo R$ 7,56 bilhões, ficou acima do esperado pelo mercado. Esse fator, aliado ao potencial de redução do pagamento de dividendos, colabora para a queda na cotação das ações do BB hoje, segundo os analistas. No entanto, é consenso de que a aquisição da Nossa Caixa é positiva porque irá aumentar a participação do BB na região metropolitana de São Paulo, passando da quarta para a primeira colocação em número de agências. A preocupação em relação à distribuição de proventos também foi levantada pela área de análise do Banif, que considerou negativa a opção por um pagamento em dinheiro ao Estado de São Paulo. "Isso vai ter um impacto violento no lucro do Banco do Brasil e deve reduzir o pagamento de dividendos", afirmou uma analista que preferiu não ser identificada. Nos últimos trimestres, o BB distribuiu a seus acionistas 40% do resultado registrado por meio de dividendos e juros sobre o capital próprio. O Banif esperava que o preço da transação ficasse em 2,2 vezes o patrimônio da Nossa Caixa. O valor anunciado ontem ficou um pouco acima, 2,36 vezes. A analista lembra que o preço ficou acima do esperado porque houve uma mudança de cenário desde o início das negociações entre BB e o banco estadual paulista. Um dos principais fatores é a fusão entre Itaú e Unibanco, que exerceu uma pressão para que o banco federal volte a ocupar a primeira posição no ranking do setor financeiro no País. Além disso, o acirramento da crise externa valorizou os depósitos judiciais em poder da Nossa Caixa e há a possibilidade de explorar a folha de pagamentos dos servidores públicos paulistas. "Tudo isso faz com que o preço tenha saído um pouco mais alto", disse. A analista da corretora do Unibanco Maria Laura Pessoa considera positiva a aquisição da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil, principalmente pelo potencial de ganhos no Estado de São Paulo. No entanto, também vê como possível a redução do pagamento de dividendos aos acionistas. "Foi caro, mas nós acreditamos que a aquisição era um "tudo ou nada" na estratégia de expansão do BB em São Paulo", afirmou, em relatório. Aloísio Lemos, da Ágora, considera que o valor do negócio não foi feito com um múltiplo em relação ao patrimônio "absurdo" e que a aquisição é um bom negócio devido aos cerca de R$ 16 bilhões de depósitos judiciais em poder da Nossa Caixa. "É um ativo estrategicamente importante", afirmou.

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