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BB rebate críticas e diz que já foram liberados R$ 636,2 mi para a safra 2016

Vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil, Osmar Dias nega que recursos estejam sendo liberados a conta-gotas

Por Victor Martins
Atualização:
Por cultura, os dados do BB mostram que 84% do pré-custeio, até agora, está concentrado em soja, que recebeuR$ 535 milhões Foto: Dida Sampaio/Estadão

Depois de queixas de entidades ligadas ao segmento de insumos agrícolas sobre os recursos para o pré-custeio da safra 2016/2017, que são aplicados na compra antecipada de sementes, fertilizantes, entre outros, antes do início do plantio, a partir de setembro, o vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil (BB), Osmar Dias, decidiu abrir os dados da instituição. 

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Em entrevista exclusiva ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, ele argumentou que as críticas são infundadas e garantiu que o BB não mudou as regras de liberação do crédito. Ele relatou que desde 1º de fevereiro, quando a linha começou a operar, foram liberados R$ 636,2 milhões, de um total em análise de R$ 1,8 bilhão. "Mas esse processo é muito rápido, só para você ver como as pessoas não estão falando a verdade", afirmou.

Na semana passada, o presidente da Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav), Henrique Mazotini, afirmou que os recursos estavam "sendo liberados a conta-gotas pelos bancos e não estão surtindo impacto na comercialização de insumos para a próxima safra". Na segunda quinzena de fevereiro, o vice-presidente da Associação dos Produtores de Milho e Soja de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Enso Pozzobon, já havia declarado que produtores do Estado estavam encontrando dificuldades na liberação dos recursos porque as agências bancárias vinham exigindo mais garantias ante as demandadas no ano passado.

"Isso é desinformação", afirmou o vice-presidente do BB. "Se pegarmos 2014, o ano que todo mundo ficou satisfeito com o pré-custeio, houve um crescimento de 153,4% nas liberações, passando de R$ 251 milhões para R$ 636 milhões", calculou. O executivo comentou que houve relatos de que as reclamações se concentravam mais no Centro-Oeste e, por isso, pediu levantamento para saber como a liberação do crédito estava dividida entre os Estados. Nesse estudo, Goiás, o que mais demandou crédito, ficou com 20,2%; a lista segue com Mato Grosso (17,3%), Paraná (15,8%), Mato Grosso do Sul (13,1%) e Rio Grande do Sul (12,2%), sendo que o restante se divide pelas demais unidades da federação. "Exatamente onde se concentra o maior volume de desembolso para pré-custeio é que foi feita a reclamação", observou Dias.

Por cultura, os dados do BB mostram que 84% do pré-custeio, até agora, está concentrado em soja - ou seja, dos R$ 636,2 milhões, R$ 535 milhões foram para essa cultura. "Nós estamos muito satisfeitos com o desempenho. Acreditamos que os R$ 10 bilhões programados serão liberados até o fim do ciclo de pré-custeio", disse. "Não existe caso que eu conheça de produtor que procurou a agência e ouviu que não tem dinheiro. Não falta recurso e nem vontade do banco de liberar. A entidade que disse que foi a conta-gotas está errada. Eu sou produtor e estou achando caro é o custo do insumo", provocou.

Osmar Dias disse, ainda, que comparando com 2014, houve crescimento na demanda por crédito, principalmente para o médio produtor. Ele explicou que o BB adota uma política de atender a todos os produtores de forma igual, mas com taxas diferenciadas. No fim da entrevista, mais uma vez, ele reforçou que o ritmo de liberações para o pré-custeio está acima do observado em anos anteriores. "Portanto, não há motivo para reclamação. Se houver, gostaria que fossem identificados os casos. Falar genericamente não dá. Quando pede para especificar, as coisas não se confirmam", disse. "Como coordeno essa área do banco, estou satisfeito e confiante. Agora cabe ao produtor procurar pelos recursos", afirmou.

Sistema financeiro  Dados levantados pela reportagem junto ao Banco Central mostram que o fluxo de liberação de recursos tem ocorrido normalmente. As operações de custeio para a safra 2015/2016, mais o que já foi liberado de pré-custeio para o próximo ciclo, somaram R$ 7,796 bilhões nos dois primeiros meses do ano. Desse total, R$ 5,479 bilhões são oriundos de bancos públicos. Os bancos privados fizeram R$ 1,304 bilhão e, as cooperativas, R$ 1,013 bilhão.

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Apenas o BB, que é o principal operador do crédito agropecuário do País, liberou R$ 5,074 bilhões para custeio entre janeiro e fevereiro, totalizando 60.093 contratos. Esse volume é o maior já registrado pela série do Banco Central, que disponibiliza dados a partir de 2013. Os valores médios por contrato também estão elevados neste início de 2016 para as linhas de custeio. No acumulado de janeiro e fevereiro eles ficaram em R$ 84,4 mil, número 50,28% maior que o registrado no passado e 45,75% superior ao de 2014.

Além do Banco do Brasil, as outras instituições que mais liberaram recursos para custeio em janeiro e fevereiro foram Santander, com R$ 373,2 milhões, Bradesco (R$ 364 milhões), Caixa Econômica (R$ 188,9 milhões), Itaú Unibanco (R$ 183,2 milhões), Citibank (R$ 130 milhões) e Rabobank (R$ 103,3 milhões). COLABOROU CLARICE COUTO

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