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BC americano trocará reais por dólares

Linha será de US$ 30 bilhões para operações de troca de dólares por reais. Medida vale até 30 de abril de 2009

Por Claudia Ribeiro
Atualização:

Para reduzir os problemas gerados pela crise norte-americana sobre outros países, o banco central americano (Federal Reserve) alterou temporariamente sua política de troca de moeda. Brasil, Cingapura, México e Coréia do Sul poderão, agora, trocar moedas de seus países por dólares. No caso do Brasil, o Fed vai abrir uma linha de US$ 30 bilhões para operações de swap (troca) de dólares por reais. A medida vale até 30 de abril de 2009. O valor é o mesmo para os bancos centrais dos outros três países.   Veja também: Veja os reflexos da crise financeira em todo o mundo Veja os primeiros indicadores da crise financeira no Brasil Lições de 29 Como o mundo reage à crise  Entenda a disparada do dólar e seus efeitos Especialistas dão dicas de como agir no meio da crise Dicionário da crise      O Banco Central no Brasil informou que a medida independe da política monetária adotada por cada país. Segundo o comunicado do Fed, "esses programas, tal como os já estabelecidos pelo Fed com outros bancos centrais, têm o objetivo de ajudar a melhorar as condições de liquidez nos mercados financeiros globais e a mitigar o alastramento das dificuldades para obter financiamento em dólar em economias fundamentalmente saudáveis e bem geridas".   Para o sócio diretor da Tendências Consultoria, Nathan Blanche, se o Banco Central utilizar esta linha de swap para financiar o exportador, o dólar manterá a tendência de queda no Brasil e poderá chegar a R$ 2,00 em pouco tempo. O fato é que, segundo ele, o exportador devolverá estes recursos ao BC brasileiro com moeda americana captada com as vendas no exterior. "A expectativa da entrada destes recursos já produzirá a queda do dólar agora. Se oferecida a exportador, esta linha representará uma oferta líquida de moeda americana", afirma.   Queda de 7,16% em os últimos dias   Para Nathan Blanche, nos últimos dias, a forte atuação do Banco Central no Brasil e as medidas de ajuda do Federal Reserve para o setor de crédito nos Estados Unidos foram os principais motivos para a queda do dólar. A moeda atingiu seu pico no dia 23 de outubro, quando fechou cotada a R$ 2,3050 e hoje fechou o dia em R$ 2,1400 - uma queda de 7,16%   Segundo ele, do lado interno, a oferta de swap cambial fez com que as empresas conseguissem rolar suas dívidas cambiais à espera de uma cotação mais favorável. Nestas operações, o governo troca títulos que pagam a variação do câmbio por papéis remunerados em juros.   "O governo aliviou a demanda por dólar, principalmente no mercado futuro. Isso porque estas operações são mais simples e não exigem garantias, como os contratos negociados na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros). Então, quem precisa negociar dívidas em dólar, prefere fazer um swap do que uma operação de câmbio no mercado futuro e isso alivia as cotações", explica.   O mercado à vista de dólar (spot) é influenciado indiretamente pela oferta de swap, já que as empresas conseguem negociar suas dívidas em câmbio sem que precisem ir a mercado para a compra de dólares à vista. "Mas o que o BC fez até agora não é oferta líquida de câmbio. Isso só acontece quando o Banco Central vende moeda ou financia exportação. Até agora, portanto, o que o governo fez foi adiar a dor".   Internacional   Outro motivo para a queda do dólar é que a moeda aqui segue a mesma tendência que vem sendo vista no cenário internacional, depois que o BC americano passou a ajudar empresas por meio dos comercial papers (papéis emitidos por empresas). No dia 21, o Fed anunciou a criação de um fundo para comprar estes papéis de fundos de mercado monetário. Com isso, aumentou a oferta de dólares, reduzindo a pressão sobre a moeda no mundo todo.

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