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BC argentino decreta feriado bancário de 2 dias

Por Agencia Estado
Atualização:

O Banco Central Argentino decretou na noite desta sexta-feira um novo feriado em todo o sistema bancário na próxima segunda e terça-feira. A decisão foi anunciada após um dia de grande tensão no país, com uma corrida dos argentinos às casas de câmbio e o adiamento do pacote com novas medidas econômicas, que não será mais lançado neste sábado. O pacote que o governo de Eduardo Duhalde estava preparando seria composto por cinco pontos. Primeiro, a pesificação dos ativos e passivos do sistema bancário, acabando de vez com a hipótese de dolarização da economia. Os depósitos bancários em dólares seriam convertidos conforme a cotação oficial, de 1,40 peso por dólar. Haveria também uma correção monetária, da ordem de 10% a 12% ao ano, como meio de manter o poder aquisitivo dos poupadores. O saldo atual dos créditos hipotecários concedidos pelos bancos inferior a US$ 100 mil seria convertido como na época da paridade um dólar igual a um peso. O mesmo valeria para os créditos inferiores a US$ 10 mil, para a compra de bens duráveis, e a US$ 30 mil, para a reforma de casas. As dívidas bancárias acima desses valores seriam convertidas a pesos conforme uma nova taxa de câmbio fixa - a de 1,20 peso por dólar -, apesar das pressões da indústria e dos bancos. Saques O segundo ponto do pacote permitiria uma maior flexibilização do "corralito", como forma de estimular a atividade econômica ao restabelecer a cadeia de pagamentos. O governo havia decidido liberar os saques das contas-salário, antes limitados a 1.500 pesos por mês. Também autorizaria a liberação de uma parcela dos depósitos em prazo fixo para a compra de imóveis e de bens duráveis. Nesse caso, as operações seriam feitas por meio de uma espécie de cheque. Câmbio flutuante O terceiro ponto anteciparia a unificação do câmbio, com sua plena flutuação. Otimista com relação a uma ajuda financeira em curto prazo do FMI, o ministro da Economia, Remes Lenicov, pretendia liberar de vez o câmbio na próxima semana. Nos últimos dias, com a posição ainda cautelosa do Fundo e a corrida dos argentinos aos bancos para a compra da moeda americana, ele resolveu esperar um pouco mais. Mas, ainda assim, a flutuação plena ocorreria em fevereiro. Sistema financeiro Em quarto lugar, seria proposto pelo governo um projeto de lei de entidades financeiras. A iniciativa seria acompanhada por um programa de reforma do setor bancário do país, de forma a promover a fusão de bancos estatais, a conversão de ?franquias? de bancos estrangeiros em sucursais e a eliminação das instituições sem condições de fazer frente a seus passivos. Déficit fiscal O quinto ponto seria a apresentação das linhas gerais do Orçamento para 2002, que prevê um déficit na conta fiscal do governo nacional e das províncias de 3 bilhões de pesos. Os cálculos levaram em consideração as quedas de 4,9% no Produto Interno Bruto (PIB) e de 12% na arrecadação de impostos. Parte dessas medidas havia sido antecipada pelo presidente Duhalde ao presidente da Confederação Geral dos Trabalhadores, Rodolfo Daer, na manhã desta sexta-feira na residência oficial da Quinta de Olivos. A CGT é o braço sindical do peronismo. "O governo tem a decisão de monetizar a Argentina por meio de uma lei de entidades financeiras a serviço da produção e para terminar com a especulação?, afirmou Daer. Segundo o ministro da Produção, José Ignácio de Mendiguren, as medidas trariam ?um horizonte de maior tranqüilidade? aos setores produtivos e permitiriam o início de estudos sobre a reestruturação da indústria nacional. Leia o especial

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