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BC argentino reduz juros em empréstimos pessoais e para carros

Taxas anuais, que em alguns casos chegam perto de 100%, baixaram de 50% para 38% a partir de ontem

Por Marina Guimarães
Atualização:

BUENOS AIRES - O Banco Central da República Argentina (BCRA) decidiu interromper o processo de alta das taxas de juros no país para os créditos pessoais e aos destinados à compra de automóveis e motos. Por meio de quatro resoluções, o BC também colocou limites aos aumentos das comissões cobradas pelos bancos. As taxas de juros anuais, que se encontram em torno de 50% (em alguns casos chegam perto de 100%), baixaram para 38% a partir de ontem. O objetivo das medidas é baratear o crédito e estimular o consumo para reanimar a economia. As taxas de juros na Argentina começaram a escalada, de maneira paulatina, em outubro do ano passado, quando Juan Carlos Fábrega foi designado presidente da autoridade monetária. Porém, em janeiro, concomitantemente à desvalorização brusca de quase 20% do peso, o BC decidiu impor taxas mais agressivas ao mercado para esterilizar o volume de pesos e evitar que fossem destinados à compra de dólares no paralelo. Com taxas mais atraentes, os bancos passaram a atrair maior quantidade de depósitos e aplicações de curto prazo, ganhando da inflação em torno de 30%. Inicialmente, a medida cumpriu seu objetivo de estabilizar as reservas e acalmar temporariamente o paralelo. Porém, o consumo recuou. A nova decisão, além de pretender reativar os créditos, reduz o lucro dos bancos com eles. A partir de hoje, a taxa de juros dos créditos terá limite máximo entre 1,25 e 2 vezes o rendimento oferecido pelas Letras do Banco Central (Lebac) a 90 dias, atualmente em 26,86%. Os 31 maiores bancos do sistema não poderão cobrar mais que 34% nominais por ano nos empréstimos para automóveis, motos e outros bens móveis. Nos créditos pessoais, eles não poderão aplicar taxas acima de 38%. O limite pode variar segundo o tamanho do banco e o tipo de financiamento, o que implica que o argentino terá de pesquisar para encontrar o financiamento que melhor se adapte à sua necessidade. Conforme dados do site especializado Zona Bancos, somente seis bancos oferecem empréstimos pessoais abaixo do novo limite. Os demais cobram taxas entre 53% a 116% anuais. O governo tomou nota da disparada dos juros no país e o BC decidiu atuar, como explicou o chefe de Gabinete de Ministros, Jorge Capitanich. "A regulação das taxas de juros era necessária para evitar manobras das entidades financeiras, porque inventam cargos, comissões, para cobrar do usuário créditos, taxas ou comissões absurdas", disse ontem, em sua entrevista diária.

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