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BC atribui alta do juro bancário ao IOF e cenário externo

Por Fernando Nakagawa
Atualização:

O chefe do Departamento Econômico (Depec) do Banco Central, Altamir Lopes, explicou que a elevação dos juros bancários em janeiro foi gerada por uma série de fatores interligados, que vão desde o aumento da volatilidade externa até a elevação das alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), passando pela interrupção dos empréstimos consignados para aposentados do INSS e alta dos juros no cheque especial e crédito pessoal. Em janeiro, a taxa média no crédito oferecido pelos bancos subiu de 33,8% para 37,3% ao ano, o que fez o juro retornar ao patamar de abril de 2007. Segundo Altamir, todo o mercado de crédito foi influenciado negativamente pela volatilidade externa, gerada principalmente pelo noticiário vindo dos Estados Unidos. Esse quadro, segundo ele, fez com que os bancos alterassem critérios de análise de risco, o que tornou as instituições mais cautelosas. Além disso, a volatilidade trouxe algum aumento no custo de captação dessas operações. Pessoa física Especificamente nos empréstimos para as pessoas físicas, Altamir explica que as operações foram influenciadas pelo aumento da alíquota do IOF, que passou de 1,5% para 3,38%. Isso gerou alta dos spreads bancários - diferença entre taxa de captação e empréstimo -, o que teve impacto nos juros finais. Por outro lado, a demanda pelas operações de crédito continuou forte no mês passado, o que desestimula a redução das taxas pela concorrência entre bancos. Além dos fatores macroeconômicos, Altamir citou alguns fatores menores, que influenciaram algumas linhas específicas. Um exemplo é a parada das operações de crédito consignado do INSS em janeiro. Entre 2 e 7 de janeiro, os empréstimos foram suspensos para que fossem feitos esclarecimentos a respeito das novas regras de comprometimento do benefício para essas operações. Altamir explicou que essa parada influenciou negativamente na média dos juros porque o consignado tem um dos menores juros do mercado. E, sem novas operações nesse período, a média do restante do mercado acabou subindo. "Diante da impossibilidade de tomar novos empréstimos consignados, muitos pensionistas foram aos bancos tomar crédito com taxas mais elevadas", explicou. Duas das alternativas foram o cheque especial e o crédito pessoal. No cheque, o juro aumentou 6,9 pontos entre dezembro e janeiro, para 145% ao ano. No crédito pessoal, a elevação foi de 7,3 pontos, para 53,1% ao ano. Para efeito de comparação, o juro do consignado teve elevação de 1,3 ponto no mesmo período, para 29,3% ao ano. Ainda no consignado, Altamir citou que um banco federal encerrou promoção que oferecia taxas menores em linha especifica para servidores públicos do Judiciário. A Caixa Econômica Federal, após reduzir os juros dessas linhas em novembro e dezembro, encerrou a promoção em janeiro e as taxas voltaram ao patamar original. Tendência Altamir Lopes evitou fazer prognósticos para a tendência do juro praticado nos empréstimos. Após a expressiva elevação das taxas em janeiro e continuidade da tendência de alta em fevereiro, Altamir diz que será preciso "esperar um tempo para observar como as taxas evoluem" para, então, realizar novos comentários. "Agora, o cenário é outro. Temos um momento de acomodação em fevereiro, que também tem apresentado alguma elevação. Em março ou abril podemos fazer uma análise mais embasada", disse. Para o chefe do Departamento Econômico do BC, os dados preliminares de fevereiro - que mostram nova alta dos juros - sinalizam que as taxas ainda sofrem impacto negativo do aumento da volatilidade externa. Em fevereiro até o dia 14, a taxa média dos empréstimos subiu 1,1 ponto porcentual, para 38,4% ao ano.

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