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BC: contas externas têm o pior 1º semestre da história

Por Fernando Nakagawa
Atualização:

O saldo negativo de US$ 17,4 bilhões da conta corrente do balanço de pagamentos do País com o exterior no primeiro semestre deste ano é o pior resultado para o período de toda a série histórica do Banco Central, iniciada em 1947, de acordo com o chefe do Departamento Econômico da instituição, Altamir Lopes. Ele também informou que o déficit em transações correntes de junho (US$ 2,596 bilhões) é o pior resultado para o mês de junho desde 1999, quando o déficit foi de US$ 2,926 bilhões. Apesar dos números negativos, Altamir pondera que o valor nominal do déficit não é o indicador mais adequado para se observar a evolução das contas externas. Segundo ele, o dado mais relevante é o resultado da comparação com o Produto Interno Bruto (PIB - conjunto das riquezas produzidas pelo País). Nesta forma de contabilização, o déficit em conta corrente somou 1,32% do PIB nos 12 meses encerrados em junho. "O valor ainda é relativamente baixo, se compararmos com economias com características semelhantes", disse ele. Altamir citou que o resultado negativo da Índia, por exemplo, equivale a 1,2% do PIB. Na Colômbia, o déficit equivale a 4,9% do PIB e na Croácia, a 8,5%. Os números se referem ao resultado de 2007. Ele explicou que o resultado semestral das contas externas brasileiras foi diretamente influenciado pelo volume de remessas de lucros e dividendos (recursos que as empresas multinacionais enviam a suas matrizes no exterior), que somaram US$ 3,396 bilhões em junho e US$ 18,993 bilhões no primeiro semestre do ano. Outros fatores que influenciaram o resultado foram o câmbio e o aumento do déficit da conta de viagens internacionais. Altamir afirmou que, apesar do déficit semestral, as contas externas continuam "perfeitamente financiáveis" pelo ingresso de investimento estrangeiro direto (IED). "O ingresso de IED é mais do que suficiente para compensar o déficit", afirmou. No acumulado de 12 meses até junho, o IED totalizou US$ 30,435 bilhões, o equivalente a 2,22% do PIB.

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