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BC corta juro em 1,5 ponto para 11,25%, como esperado

Por ISABEL VERSIANI
Atualização:

O Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu em 1,5 ponto a taxa básica de juros nesta quarta-feira, para 11,25 por cento ao ano, em decisão unânime e em linha com expectativas do mercado. O corte da Selic, o maior desde novembro de 2003, foi feito em meio a sinais de desaceleração da inflação e um dia após o anúncio de que a economia brasileira sofreu retração recorde no último trimestre de 2008. "O comitê acompanhará a evolução da trajetória prospectiva para a inflação até a sua próxima reunião, levando em conta a magnitude e a rapidez do ajuste da taxa básica de juros já implementado e seus efeitos cumulativos, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária", disse o Copom em comunicado. Na sua última reunião, em janeiro, o Copom já havia reduzido o juro em 1,0 ponto. Com esse segundo corte consecutivo, a Selic retornou ao patamar de março de 2008, nível histórico mais baixo. Pesquisa Reuters feita na terça-feira mostrou que 16 de 20 instituições consultadas apostavam em um corte de 1,5 ponto na Selic. Até a semana passada, a aposta predominante era de um corte de 1 ponto, mas a maioria dos economistas elevou a projeção após o anúncio dos números do PIB do último trimestre de 2008 e do desempenho da indústria em janeiro deste ano. "A decisão veio em linha com nossa previsão, que também já apontava unanimidade. Os dados do PIB (do final de 2008) foram emblemáticos para a decisão", afirmou o economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros. O desempenho da economia brasileira no quarto trimestre do ano passado ficou bem aquém do projetado por analistas e pelo próprio governo. A queda foi puxada, sob a ótica da produção, pela retração de 7,4 por cento da indústria. Sob a ótica da demanda, pesaram principalmente a queda de 9,8 por cento dos investimentos e de 2 por cento do consumo das famílias. INFLAÇÃO COMPORTADA Indicadores recentes de inflação mostram que, em meio à retração da atividade, os preços seguem comportados apesar da valorização do dólar, que encarece as importações. O índice de inflação ao consumidor IPCA, usado como balizador da política de metas inflacionárias do governo, atingiu em fevereiro o maior nível em oito meses, de 0,55 por cento. Mas analistas ressaltaram que a alta foi sazonal e muito concentrada em educação. No ano, o IPCA acumula alta de 1,03 por cento e, em 12 meses, de 5,90 por cento --abaixo do teto da meta do governo para o ano, de 6,5 por cento. O Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) registrou queda de 0,45 por cento na primeira prévia de março, mais que o esperado, ante alta de 0,42 por cento há um mês. Após o anúncio do corte pelo BC, pelo menos dois grandes bancos privados e um banco público anunciaram redução nas taxas de juros adotadas em seus financiamentos. Em notas, a Confederação Nacional da Indústria e a Central Única dos Trabalhadores disseram que o corte de 1,5 ponto foi insuficiente diante da conjuntura econômica. A próxima reunião do Copom ocorre nos dias 28 e 29 de abril. (Com reportagem adicional de Daniela Machado)

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