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BC: crédito ao consumidor mostra 'acomodação'

Por FERNANDO NAKAGAWA E FABIO GRANER
Atualização:

O chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Altamir Lopes, avaliou hoje que o mercado de crédito para as pessoas físicas passa por um processo de inflexão, com o fim do crescimento observado nos últimos meses. Segundo ele, números mostram "acomodação" nesses empréstimos. Relatório divulgado hoje pelo BC informa que a média diária de concessão de novos empréstimos para os consumidores caiu 0,5% em junho na comparação com maio, a terceira queda nos últimos quatro meses."O crédito para pessoa física cresce com uma taxa mais baixa, inferior à vista nas operações para empresas. Há sinais de alguma acomodação nas operações para as famílias", disse Altamir. Para ele, "é natural" que haja redução no ritmo do crédito, após meses de forte crescimento das operações. Além desse movimento, o chefe do Departamento Econômico do BC observa que houve migração de alguns consumidores, que deixaram linhas de crédito mais caras e aderiram a operações mais baratas, como o crédito pessoal ou o consignado.Essa migração, segundo ele, colaborou para a redução da taxa média praticada pelas instituições financeiras em junho. A taxa anunciada pelo BC é ponderada conforme o volume das operações e do juro cobrado em cada linha de crédito. Assim, se mais clientes tomarem empréstimos em operações baratas, a taxa média cai no período.Apesar dessa avaliação, dados do próprio BC mostram que a média diária de novos empréstimos cresceu apenas nas linhas mais caras, como o cheque especial (alta de 1,3% na comparação com maio) e o cartão de crédito (avanço de 0,4%). As linhas mais baratas, como o crédito pessoal (recuo de 2,4%) e o financiamento de veículos (baixa de 3,0%), mostraram retração na média diária de novas contratações. InadimplênciaA inadimplência geral do sistema financeiro nacional - que considera os créditos com recursos livres e direcionados - ficou em 3,7% em junho, ante 3,8% em maio, de acordo com os dados divulgados hoje pelo BC. "A inadimplência do sistema como um todo é baixa e tem trajetória cadente", disse Altamir Lopes. Considerando apenas o crédito livre, o índice de calotes em junho foi de 5%, sendo que a taxa para as pessoas físicas, que ficou em 6,6%, foi a mais baixa desde outubro de 2005.

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