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BC decreta liquidação de cooperativas no ES

Cooperativas envolvidas em desvio de dinheiro no Espírito Santo foram liquidadas pelo Banco Central. Escândalo envolve empréstimos irregulares a tesoureiro da campanha do governador capixaba, José Inácio Ferreira.

Por Agencia Estado
Atualização:

O Banco Central (BC) decretou hoje a liquidação extrajudicial da Coopetfes e da Creditel, cooperativas de crédito envolvidas no escândalo de desvio de recursos no governo do Espírito Santo. As cooperativas fizeram empréstimos irregulares que envolveram Raimundo Benedito de Souza Filho, tesoureiro de campanha do governador capixaba, José Ignácio Ferreira. A Coopetfes (Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Servidores das Escolas Técnicas e Agrotecnicas Federais do Espírito Santo) tinha R$ 19,6 milhões, o correspondente a 91,1% do total de R$ 21,5 milhões da sua carteira de crédito, emprestados para Raimundo Benedito de Souza Filho. O máximo que a legislação permite para a concentração de crédito num único associado é de 10% do patrimônio líquido ajustado da cooperativa, o que, no caso da Coopetfes, era de apenas R$ 2 milhões. "A Coopetfes só poderia ter emprestado para um único associado em torno de R$ 200 mil e emprestou a bagatela de R$ 19,5 milhões", disse o diretor de Finanças Públicas e Regimes Especiais do BC, Carlos Eduardo de Freitas, que responde interinamente pela Diretoria de Fiscalização. Órgãos do governo do Espírito Santo eram associados Segundo Freitas, Benedito, que era associado da Coopetfes, tomou os empréstimos entre 1998 e 2000 e, desde outubro do ano passado, já não estava mais honrando a dívida junto à cooperativa. Além da irregularidade detectada na concentração da sua carteira de crédito, a Coopetfes captou depósitos junto a não-associados, o que também não é permitido pelas normas do BC. Entre esses associados, três eram órgãos do governo do Estado do Espírito Santo: a Secretaria de Educação do Espírito Santo, o Departamento de Estradas de Rodagem e a Companhia de Saneamento do Estado. Pelas normas, as cooperativas só podem captar recursos dos seus associados e da central de cooperativas do estado. Dos 10 maiores depositantes da Coopetfes só dois eram seus associados. O diretor do BC informou que os recursos captados nesses três órgãos estaduais, que chegaram a R$ 9 milhões, serviram de funding para os empréstimos de Raimundo Benedito de Souza Filho. Irregularidades na Coopetfes arrastaram a Creditel As irregularidades das operações de crédito na Coopetfes arrastaram junto a Creditel (Cooperativa de Economia e Crédito Mutuo dos Empregados em Empresas Privadas de Telecomunicações). A Creditel tinha concentrados R$5,7 milhões do total de R$ 10,2 milhões dos seus empréstimos junto à Coopetfes, operação também completamente irregular. A Cooptefes tinha 762 associados e a Creditel, 1154. "Os administradores dessas duas cooperativas romperam todos os princípios da boa técnica bancária", afirmou o diretor do BC. O presidente da Coopetfes, Gabriel dos Anjos de Jesus, e o gerente da instituição, Marcelo Gabriel de Almeida, chegaram a ser presos. Segundo Freitas, o BC começou a investigar as irregularidades nas cooperativas no primeiro semestre desse ano e em julho os administradores foram convocados ao BC para dar explicações.

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