19 de outubro de 2013 | 02h10
Os investimentos para aprimorar a tecnologia dos terminais de autoatendimento não andam no mesmo ritmo das propostas de compartilhamento desses equipamentos. "Ver um caixa eletrônico com um nome de um banco ao lado de vários de outros concorrentes num shopping é realmente a cara da ineficiência", confidencia um executivo de um dos maiores bancos brasileiros.
O Banco Central (BC) defende, ano após ano, desde 2005, o compartilhamento dos caixas eletrônicos. "A interoperabilidade entre as redes de ATM (Automatic Teller Machine) individuais ou a utilização de uma rede cooperada que atenda de forma eficiente os clientes das instituições participantes traria benefícios à sociedade, sob a forma de redução dos custos de operação e de maior comodidade aos clientes", diz o último documento sobre o assunto.
"Se um terminal atende plenamente as necessidades do cliente (localização; funcionamento; funcionalidades; preços etc), para ele pouco importa se o equipamento apresenta a identificação visual da instituição financeira de relacionamento", complementa o diagnóstico divulgado em dezembro.
Pelos dados mais novos do BC, 80% das transações realizadas no Brasil em terminais de autoatendimento não são compartilhadas mesmo que 43% dos equipamentos tenham o acesso aberto.
O BC afirma que, em relação a outros países, no País é constatado elevado número de terminais por habitante e baixa quantidade de transações, tanto per capita como por terminal, o que evidencia o baixo nível de eficiência da rede.
A eficiência poderia diminuir as despesas dos bancos com os terminais em locais públicos, que apresentam maior custo dada a logística para colocá-lo em funcionamento - abastecimento de dinheiro, segurança, conexão de rede, operacionalização, manutenção do equipamento e aluguel do local de instalação.
Como o Brasil vai sediar eventos esportivos internacionais nos próximos anos, seria preciso elevar também o grau de "interoperabilidade" dos terminais com as redes internacionais, para atender os turistas estrangeiros. No entanto, executivos dos maiores bancos dizem, sob a condição de anonimato, que o compartilhamento só será feito pelos bancos quando houver pressão por parte de um órgão regulador. A questão não é tecnológica, mas sim de interesses negociais.
O BC não estuda nenhuma medida nesse sentido. A Secretaria de Defesa do Consumidor, do Ministério da Justiça, também não tem nenhum tratativa relacionada ao tema. A TecBan, da rede Banco24Horas, optou por não se pronunciar. /MRA.
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