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BC deixa de comprar dólar pela 1a vez em quase um ano

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Por Silvio Cascione
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O dólar avançou mais de 2 por cento nesta terça-feira, pela saída de investidores estrangeiros com a nova rodada de turbulência nos mercados internacionais. A moeda norte-americana fechou em alta de 2,21 por cento, a 1,986 real, depois de chegar a 1,994 real na máxima do dia. Diante do movimento, o Banco Central deixou de realizar leilão de compra de dólares, feito diariamente há quase um ano. No mês, o dólar acumula avanço de 5,47 por cento. Após uma trégua na sessão anterior, o mercado de câmbio voltou a ser afetado pela tensão nos mercados globais. "As bolsas lá fora pioraram bastante e o dólar está atrelado a esse movimento", disse Carlos Alberto Postigo, operador de câmbio da corretora Action. A turbulência nos mercados ganhou força no final de julho, com a preocupação de investidores com o segmento de crédito imobiliário de alto risco nos Estados Unidos, e ganhou força à medida que surgiram problemas em diversos fundos associados ao setor. Desde setembro de 2006, o BC só havia deixado de comprar divisas no mercado em feriados regionais, como o aniversário de São Paulo, quando o mercado de câmbio tinha um dia atípico pela falta de volume. De acordo com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a decisão do BC não indica que a autoridade monetária tenha abandonado a política de acumulação de reservas. "É uma decisão cotidiana do BC, ele achou que não é necessário e, então, não fez (a compra). Não quer dizer que amanhã não vai fazer", disse a jornalistas. Os leilões são os principais responsáveis pelo patamar recorde das reservas, que se aproximam de 160 bilhões de dólares. Há um ano, o país tinha 70 bilhões de dólares em reservas internacionais. A novidade provocou reações diferentes no mercado. Para Vanderlei Arruda, gerente de câmbio da corretora Souza Barros, a autoridade monetária deixou de intervir "em função da falta de moeda". "Teve muito mais saída do que entrada... e as exportações não fizeram frente a esse movimento", disse. Alexandre Lintz, estrategista-chefe do BNP Paribas no Brasil, vê uma tentativa de acalmar o mercado em um momento de turbulência. "Acho que (a ausência do BC) é questão de volatilidade... o BC sempre colocou que as atuações dependem das condições de mercado, e o mercado lá fora estava bem ruim hoje", comentou. José Roberto Carreira, gerente de câmbio da corretora Novação, chegou a cogitar que a autoridade monetária tenha evitado comprar dólares para manter determinado patamar. "Como ele tem vindo todos os dias (às compras), talvez tenha chegado um nível que demarcou como uma banda virtual. Se o dólar continuar ultrapassando a taxa de 1,98, 1,99 (real), talvez ele dê uma parada", disse. (Reportagem adicional de Daniela Machado e Isabel Versiani)

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