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BC detonou crise, diz Maria da Conceição Tavares

Por Agencia Estado
Atualização:

A economista e ex-deputada Maria da Conceição Tavares acusou hoje o Banco Central de ter detonado a crise de credibilidade na economia brasileira que causou a disparada do dólar e do Risco-Brasil no exterior e isentou o PT de responsabilidade pelos problemas e por sua solução. "Foram duas barbeiragens do BC que causaram as turbulências no mercado financeiro e ele que tem acalmar o mercado, não o PT; a cobrança tem que ser feita ao Banco Central, não ao PT", declarou à Agência Estado. De acordo com a economista, a primeira "barbeiragem" do Banco Central foi ter substituído a venda de títulos indexados à variação do câmbio pela venda de Letras Financeiras do Tesouro Nacional (LFT), um tipo de título público, associadas a uma operação conhecida como swap cambial, que protege quem a faz do risco de alta do câmbio. "A LFT é um título que não se presta para isso", disse Maria da Conceição Tavares, que participou de seminário promovido pelo PT para discutir o seu programa de governo para as eleições de 2002. De fato, segundo o vice-presidente da Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto (Andima), Alfredo Neves Penteado Moraes, explicou em entrevista à Agência Estado em maio que, com a operação, os bancos que queriam proteção a esse risco cambial acabavam comprando também as LFTs, que nem sempre queriam, e, por isso, vendiam com deságio no mercado secundário. Também passaram a exigir do governo que pagasse taxas de juros mais altas na emissão de novos papéis, já que a proteção cambial é associada a um risco maior e este a juros mais altos. Moraes, como Conceição Tavares, também identifica nessa operação da LFT a origem das turbulências financeiras, ainda em abril, mas com a diferença de que, para ele, o cenário pré-eleitoral com chance de vitória do PT contribui para a agitação do mercado. Com os títulos públicos sendo negociados no mercado com preços abaixo do que o seu valor nominal, o BC fez o que a economista do PT considera a segunda "barbeiragem": mandou, a partir de 31 de maio, os bancos avaliarem diariamente os títulos públicos na carteira dos fundos de investimento pelos preços que estavam sendo negociados no mercado. Isso provocou quedas de até 5% no valor dos investimentos em fundos. "O Banco Central provocou perdas para os bancos e para a classe média e criou desconfiança nos fundos. Metade dos bancos, os que já tinham vendido os títulos públicos, ganharam, e a outra metade, os que estavam com os títulos na carteira, perderam", disse a ex-deputada. "Um Banco Central que faz isso é um Banco Central bom?", questionou. A crítica da economista também é comum no mercado financeiro. Até o representante do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rogério Zandamela, questionou em palestra no BC no Rio na sexta-feira: "Será que o momento era oportuno?" Conceição Tavares e o professor da Universidade de Campinas (Unicamp) Marco Aurélio Garcia negaram que o PT esteja discutindo nomes para o Ministério da Fazenda e o Banco Central ou medidas para acalmar o mercado. Os dois participaram de seminário do PT ontem no Rio.

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