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BC deveria ser mais agressivo na política monetária, diz FT

Por Agencia Estado
Atualização:

O jornal Financial Times afirma hoje, em editorial, que o presidente Lula gosta de ressaltar que o Brasil está avançando rumo a um status de país desenvolvido e, com base na performance dos mercados financeiros do País neste ano, muitos investidores ao que parece concordam com ele. "Entretanto, raspe a superfície, e o novo milagre econômico do Brasil é muito menos sólido do que parece", disse o diário financeiro britânico. "O problema é que o País não está crescendo com a rapidez necessária." O FT observa que comparado com a Rússia, Índia e China, as outras três grandes economias emergentes apelidadas de BRICs há dois anos por um banco de investimento, o Brasil está perdendo terreno. "Mesmo embora uma combinação de preços elevados das commodities e a abundante liquidez externa criem as melhores condições externas pelo menos nos últimos 50 anos, o Brasil vai crescer neste ano apenas cerca de 3%." Segundo o jornal, os superávits comerciais e em conta corrente do Brasil impressionam, além do controle inflacionário e fiscal. "O gasto de capital deverá ser elevado num ano eleitoral, mas Lula está começando de uma base muito baixa. Em 2003 apenas pouco mais de 2% do gasto governamental era canalizado através de investimento, comprado com 16% em 1987." Ainda mais importante, observa o jornal, é que os juros elevados, o escândalo de corrupção e as dúvidas sobre o futuro da política econômica após as eleições de 2006 estão freando investimentos diretos. A valorização do real "também é um problema" pois várias empresas são incapazes de competir nos mercados exportadores. Multinacionais como do setor de automóveis "consideram os custos do Brasil tão onerosos que estão escolhendo como fonte de produção países europeus e asiáticos. "Nos círculos dos negócios, há uma intensa conversa de desindustrialização", disse. O FT afirma que o Brasil precisa muito recuperar ritmo. No médio prazo precisa implementar mais reformas estruturais para permitir a melhora da qualidade do gasto público. O governo precisa agir rapidamente para livrar as pequenas e médias empresas de cargas regulatórias excessivamente pesadas. "E no curto prazo o BC deveria ser mais agressivo na sua política monetária", disse. "Isso também ajudaria colocar pressão sobre a moeda permitindo aos exportadores manter seus ganhos em dólares por um longo período, ao invés de ter que vendê-los imediatamente." Segundo o FT, o Brasil poderia formar parte do grupo de países que está mudando gradualmente a economia mundial. "Mas a menos que comece a crescer tão rapidamente como seus colegas, esse seria um BRIC que poderia cair", concluiu o jornal.

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