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BC: exportação está menos efetiva para controlar inflação

Por ADRIANA FERNANDES E RENATA VERÍSSIMO
Atualização:

O Relatório Trimestral de Inflação, divulgado esta manhã pelo Banco Central (BC), alerta que há evidências de que as exportações líquidas brasileiras estão-se tornando menos efetivas como instrumento auxiliar na manutenção da estabilidade de preços da economia brasileira. Segundo o documento, apesar da previsão de um saldo comercial menor na balança em 2008, o Comitê de Política Monetária (Copom) não vislumbra uma reversão abrupta. O relatório expressa preocupação com o cenário externo. Observa que o cenário projetado para a atividade econômica global sofreu deterioração e está agora cercado por maior incerteza "com viés básico negativo". Na avaliação do BC, consolidou-se um consenso de que a economia global crescerá menos em 2008 do que em anos anteriores. "Nesse contexto, as persistentes incertezas quanto à extensão e à locação das perdas originadas no mercado de créditos subprime (de alto risco) nos Estados Unidos, que levaram a perturbações nos mercados interbancários e à contração na oferta de crédito para empresas e famílias sinalizam que a desaceleração pode ser mais intensa do que se antecipava", ressalta o relatório. Para o BC, uma desaceleração pronunciada na economia dos Estados Unidos, com potenciais desdobramentos sobre a atividade econômica na Europa e no Japão colocaria em teste a tese de que o robusto crescimento das principais economias emergentes, em especial na Ásia, teria adquirido dinâmica autônoma, ou seja, o crescimento dessas economias estaria menos dependente da demanda originada nas chamadas economias maduras e, em contrapartida, mais dependente da demanda gerada internamente ou em outras economias emergentes. O relatório alerta ainda que as perspectivas para o comportamento dos preços internacionais de matérias-primas estão sujeitas a incerteza ainda mais intensa do que a habitual. O BC enfatiza que as matérias-primas são componente de destaque na pauta de exportações brasileiras. Outro fator de incerteza apontado pelo relatório é o preço do petróleo, classificado de "fonte sistemática de incerteza advinda do cenário internacional, que permanece elevado, mostrando acentuada volatilidade." O relatório destaca ainda que, para a inflação brasileira, um cenário alternativo de desaceleração mundial mais intensa e generalizada apresentaria fator de risco de sinal ambíguo. Por um lado, ao reduzir as exportações, atuaria como fator de contenção da demanda agregada. Além disso, o potencial arrefecimento dos preços de algumas commodities importantes poderia contribuir para uma menor inflação doméstica. Por outro lado, esse cenário alternativo poderia atuar desfavoravelmente em relação às perspectivas de inflação, causando aversão a risco, e poderia reduzir a demanda por ativos brasileiros, determinando depreciação nos seus preços. O relatório diz ainda que, no médio prazo, uma possível redução das exportações poderia ter efeito similar sobre a sustentabilidade de preços de certos ativos brasileiros.

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