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BC facilita renegociação de dívidas de empresas e famílias

Banco anuncia medidas para tentar estimular a economia, em meio aos impactos negativos provocados pelo avanço do coronavírus

Foto do author Eduardo Rodrigues
Foto do author Adriana Fernandes
Por Eduardo Rodrigues e Adriana Fernandes
Atualização:

BRASÍLIA - O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou na manhã desta segunda-feira, 16, em reunião extraordinária, duas medidas para facilitar a renegociação de até R$ 3,4 trilhões em empréstimos por famílias e empresas e ainda ampliar a capacidade de crédito do sistema financeiro em até R$ 637 bilhões. Segundo o Banco Central, as medidas têm o objetivo de apoiar a economia brasileira durante o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus

Sede do Banco Central, em Brasília. Foto: Dida Sampaio/ Estadão

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Segundo apurou o Estado, o foco principal são as empresas do setor de serviços. A preocupação do presidente do BC, Roberto Campos Neto, com esse setor é elevadíssima. Ele já havia alertado, na semana passada, para a gravidade do impacto para o segmento, que é grande empregador no País, principalmente para as micro, pequenas e médias empresas que sofrem com problemas de falta de caixa para pagar funcionários e fornecedores. A medida, segundo fontes, tem potencial para dar "fôlego" para os próximos seis meses. O governo quer evitar demissões dos trabalhadores. 

O CMN é formado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, e pelo secretário de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues.

“O BC tem um amplo arsenal de instrumentos e vai adotar todas as medidas necessárias para apoiar as empresas e as famílias contra os efeitos adversos do covid-19 na economia”, afirmou a autoridade monetária, em nota.

 A primeira medida aprovada pelo CMN facilita a renegociação de crédito por famílias em empresas que têm boa capacidade financeira e mantém regularidade e adimplência (ou seja, não possuem calotes) em operações com os bancos. Segundo o BC, a medida ajudará o fluxo de caixa desses tomadores durante os efeitos temporários da pandemia.

 Na prática, a medida dispensa os bancos de provisionamento (recursos que têm de ser mantidos em caixa para o caso de eventuais perdas) no caso de repactuação de operações de crédito pelos próximos seis meses. “Estima-se que aproximadamente R$ 3,2 trilhões de créditos sejam qualificáveis a se beneficiar dessa medida, cuja renegociação dependerá, naturalmente, do interesse e da conveniência das partes envolvidas”, completa o BC.

 Já a segunda medida aumenta a capacidade de os bancos utilizarem seu capital para ampliarem a concessão de empréstimos e renegociarem créditos. O CMN ampliou a diferença entre o capital efetivo e o capital mínimo requerido, dando mais espaço para que as instituições possam aumentar o ritmo de concessões de crédito nos próximos meses.

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A ação do BC reduz os "colchões" de recursos exigidos pelos bancos por um ano, ampliando a folga de capital no sistema financeiro em R$ 56 bilhões, o que permite, ainda de acordo com o BC, "aumentar a capacidade de concessão de crédito em torno de R$ 637 bilhões".

“Ambas as medidas são proativas e facilitarão uma atuação contracíclica do Sistema Financeiro Nacional, que ajudará as empresas e as famílias a enfrentar os efeitos decorrentes do Covid-19. Estas são medidas que estão em linha com as demais ações do Governo Federal e de outros reguladores financeiros internacionais”, completou o BC, em nota. 

Mais crédito

O Banco Central já liberou R$ 135 bilhões de depósitos compulsórios (recursos que são mantidos no Banco Central e os bancos não podem utilizá-los para fazer empréstimos). Mesmo com essa liberação, há ainda um estoque de R$ 380 bilhões desses recursos, que podem ser acionados. O BC avissou no comunicado de hoje que vai usar todo o "arsenal" disponível para manter a estabilidade econômica.

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O mercado financeiro espera uma nova redução pelo BC dos juros básicos da economia, a taxa Selic, seguindo uma ação coordenada que começou ontem com o Banco Central dos Estados Unidos, o Fed.

Bancos abertos 

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou que os seus bancos associados estão sensíveis ao atual momento, de preocupação em torno do novo coronavírus, e que estão "discutindo propostas para amenizar os efeitos negativos dessa pandemia no emprego e na renda". Segundo a entidade, o entendimento das instituições financeiras é de que "se trata de um choque profundo, mas de natureza essencialmente transitória". "Os bancos estão engajados em continuar colaborando com o País com medidas de estímulo à economia", diz.

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Dessa forma, os cinco maiores bancos do País - Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Caixa estão "abertos e comprometidos", segundo a Febraban, em atender pedidos de prorrogação, por 60 dias, dos vencimentos de dívidas de clientes pessoas físicas e micro e pequenas empresas "para os contratos vigentes em dia e limitados aos valores já utilizados".

No comunicado, a federação diz ainda que a rede bancária, assim como os canais de atendimento, estarão "à disposição do público e prontos para apoiar todos os que estejam enfrentando dificuldades momentâneas em função do atual contexto".

Plano anticoronavírus

Na última quinta-feira (12), o Ministério da Economia anunciou as primeiras medidas de enfrentamento aos impactos do novo coronavírus no País. Haverá antecipação de 50% do 13º de aposentados e pensionistas do INSS para o mês de abril, com injeção de R$ 23 bilhões na economia, além de redução nas taxas de juros de empréstimos consignados para esse público e extensão do prazo de pagamento.

O governo também vai propor ao Congresso a ampliação da margem do benefício que pode ser comprometida com desconto em folha, hoje em 30% para empréstimos e 5% para cartão de crédito.

O Estadão/Broadcast apurou que outras medidas estão em estudo, entre elas a ampliação de recursos para o Bolsa Família num momento de maior fragilidade das camadas mais pobres da população. A área econômica também avalia suspender pagamentos da contribuição sobre a folha de salários para evitar que empresas comecem a demitir funcionários. /COLABOROU FERNANDA GUIMARÃES

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