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BC faz o maior corte da taxa Selic em cinco anos

Redução foi de 1 ponto porcentual, acima das expectativas. Com o corte, a Selic caiu para 12,75% ao ano

Por Fernando Nakagawa e da Agência Estado
Atualização:

O Comitê de Política Monetária (Copom) reavaliou os rumos de sua política monetária, em meio à crise financeira internacional e à expectativa de desaquecimento mais forte da economia global, e realizou o maior corte da taxa básica de juros (Selic) em cinco anos. A redução foi de 1 ponto porcentual, acima das expectativas do mercado que esperava um corte de 0,75 ponto porcentual do País. Com a redução, a Selic caiu para 12,75% ao ano.   Veja também: Desemprego, a terceira fase da crise financeira global De olho nos sintomas da crise econômica  Dicionário da crise  Lições de 29 Como o mundo reage à crise    A decisão do Copom foi dividida. Cinco membros do Comitê votaram por um corte de 1 ponto porcentual e três em favor de um corte de 0,75 ponto. "Avaliando as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, neste momento, reduzir a taxa Selic para 12,75% ao ano sem viés por cinco votos a favor e três votos pela redução da taxa Selic em 0,75 ponto. Com isso, o Comitê inicia um processo de flexibilização da política monetária realizando de imediato parte relevante do movimento da taxa básica de juros, sem prejuízo para o cumprimento da meta de inflação", diz o comunicado divulgado ao final da reunião.   A taxa Selic estava em 13,75% desde 10 de setembro de 2008. Essa é a primeira queda do juro desde setembro de 2007. Naquela ocasião, a taxa caiu de 11,50% para 11,25% ao ano. A última redução do juro de um ponto porcentual aconteceu há mais de cinco anos, em dezembro de 2003, quando a taxa Selic caiu de 17,5% para 16,5%. A ata da reunião será divulgada em 29 de janeiro, próxima quinta-feira, às 8h30. A próxima reunião do Copom ocorre nos dias 10 e 11 de março de 2009.   Mudança de rumo   Na semana passada, o AE Projeções, um serviço da Agência Estado, consultou 61 instituições e constatou que 30 delas esperavam um corte de 0,50 ponto, 27 contavam com uma redução de 0,75 ponto e quatro, com 1 ponto porcentual. No início desta semana, o AE Projeções voltou a ouvir as 61 instituições. Dezessete revisaram as estimativas - a única a não retornar o contato foi o Pátria Investimentos, que esperava corte de 0,50 ponto na Selic. Entre as 60 instituições, 16 projetaram diminuição de 0,50 ponto; 36, de 0,75 ponto; e oito, de 1 ponto porcentual. Um dos catalisadores das mudanças foi o IGP-10 de janeiro, divulgado quinta-feira passada, que apontou deflação de 0,85%. As projeções iam de queda de 0,25% a 0,50%. No dia seguinte, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que o recuo nas vendas do varejo de novembro também superou as estimativas. A expectativa era de um declínio de 0,60% ante o mês anterior, mas foi apurado um índice maior, de 0,70%. Por fim, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho mostrou corte de 654 mil postos de trabalho em dezembro, número que surpreendeu até mesmo integrantes do governo. "O resultado do Caged foi a cereja de um bolo bastante indigesto", comentou o economista André Guilherme Perfeito, da Gradual Investimentos. Ele era um dos analistas que esperava uma redução de 1 ponto porcentual. Antes, ele apostava em 0,75 ponto. Perfeito trabalha atualmente com uma expectativa de expansão de apenas 1,10% para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2009.

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