Para enfrentar a disparada da cotação do dólar, o Banco Central (BC) voltou a ofertar nesta quarta-feira linhas externas e interveio com venda de moeda. Segundo cálculos do mercado, a atuação teria envolvido US$ 350 milhões. A maior parte desse valor, US$ 300 milhões, seria para atender a procura de empresas que terão pagar dívidas com o BC, na próxima sexta-feira. Essa demanda teria sido suprida com vendas diretas de moeda estrangeira (cerca de US$ 200 milhões) e de novas linhas externas (US$ 100 milhões). Além disso, o BC vendeu a ração diária de US$ 50 milhões. Desde o início da semana, o BC vem aumentando a venda de dólares para tentar conter a escalada da moeda estrangeira. O diretor de Política Monetária, Luiz Fernando Figueiredo, já deixou claro que se os US$ 50 milhões forem avaliados como insuficientes para determinado dia, a autoridade monetária irá vender mais dólares. Em agosto, o BC prevê um gasto de US$ 1,835 bilhão das reservas para irrigar o mercado. Isso inclui as intervenções com moeda e a rolagem de linhas no total de US$ 735 milhões. Apesar dos esforços da equipe econômica, o dólar chegou a R$ 3,61 no meio da tarde e fechou a R$ 3,47, encerrando o oitavo dia consecutivo de alta recorde desde a criação do Plano Real. Com a desvalorização acumulada no mês, a dívida líquida do setor pública irá ultrapassar os 60% do PIB e fechar o mês de julho acima de 64% do PIB. Isso porque 33% da dívida pública está vinculada à variação da moeda estrangeira. Com isso, o País entra num círculo vicioso: a insegurança com relação ao futuro da economia pressiona a taxa de câmbio, que eleva a dívida, que provoca mais insegurança elevando novamente a cotação da moeda estrangeira. ?O Brasil vive hoje uma triste realidade. Mesmo com a expectativa de algum tipo de ajuda, a cada dia, a situação está pior?, disse o economista-chefe e diretor de pesquisa do banco ABN Amro em Nova York, Arturo Porzecanski. Segundo ele, há pouco tempo ninguém imaginava uma situação dessas. ?É um cenário de pânico?, diz.