PUBLICIDADE

BC mantém taxa de juros a 11% e deixa em aberto futuro da política monetária

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

O Banco Central decidiu "neste momento" manter a taxa básica de juros em 11 por cento ao ano pela segunda vez seguida, deixando as portas abertas para eventual mudança na política monetária, em meio a um cenário de atividade fraca e inflação elevada. Após reunião de cerca de 3 horas nesta quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) informou que "avaliando a evolução do cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, neste momento, manter a taxa Selic em 11 por cento ao ano, sem viés", repetindo o texto da reunião anterior. Pesquisa da Reuters mostrou que todos os 60 analistas consultados esperavam a manutenção da Selic, mas a grande expectativa era sobre a retirada ou não da expressão "neste momento". "A surpresa foi a manutenção do 'neste momento' e o que ele (BC) quis dizer com isso. O que será que ele escolheu para olhar: atividade fraca ou inflação acima do teto da meta?", questionou o economista-chefe do banco J.Safra, Carlos Kawall. "Eu acho que ele escolheu inflação, porque tem ressaltado sua preocupação com ela. Mas isso vamos saber na ata do Copom (que será divulgada na próxima semana)... Para mim, o viés (da Selic) é de alta", acrescentou Kawall, para quem a taxa subirá em dezembro, a 11,50 por cento, após as eleições presidenciais. A decisão do BC de não mexer no juro ocorre no momento em que a inflação acumulada em 12 meses se encontra acima do teto da meta do governo, apesar da desaceleração da atividade econômica. Inflação alta e baixo crescimento econômico têm abalado a confiança na economia e contribuído para a queda da popularidade da presidente Dilma Rousseff, que busca a reeleição em outubro. Em maio, quando interrompeu o ciclo de aperto monetário que durou um ano e manteve a Selic em 11 por cento, o BC também informou que a decisão ocorria "neste momento", algo que foi interpretado por especialistas como indicação de que a taxa poderia voltar a subir em pouco tempo. Uma semana depois, quando divulgou a ata da reunião, o Copom informou que via menos crescimento, fazendo com que as apostas se voltassem para a manutenção da Selic pelo menos até o fim deste ano, algo que continuava no cenário de boa parte dos especialistas até agora. Essa ideia foi reforçada no Relatório Trimestral de Inflação, divulgado no fim do mês passado, quando o BC passou a ver chances praticamente iguais de a inflação estourar ou não o teto neste ano. "É do perfil dessa diretoria a tendência por sempre optar por liberdade na decisão, sem se amarrar a nenhum tipo de viés, então colocando sempre a próxima decisão na dependência dos indicadores", disse Tatiana Pinheiro, economista do banco Santander Brasil. Nos 12 meses até junho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula alta de 6,52 por cento, ante meta de inflação de 4,5 por cento ao ano, com banda de tolerância de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo. Por outro lado, a economia somente dá sinais de perda de fôlego, com potencial para tirar pressão sobre os preços. Pesquisa Focus do BC com economistas de instituições financeiras mostra que, pela mediana, o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer cerca de 1 por cento neste ano, bem abaixo dos 2,5 por cento vistos em 2014. Com o comunicado do Copom de agora, parte dos especialistas já não mais vê como impossível eventual queda da Selic, justamente para evitar que a economia perca ainda mais força. "Ao manter a expressão 'neste momento' no comunicado, o Copom vê a possibilidade de ajuste na política monetária para baixo", afirmou o economista-chefe da INVX Global, Eduardo Velho. "Embora o Copom esteja colocando essa possibilidade, avalio... que é pouco provável e minha avaliação é de que a Selic permanecerá em 11 por cento durante um bom tempo. (Por Luciana Otoni e Alonso Soto)

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.